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por Fernando Moreira de Souza
Matéria publicada pela Mining.com informa que a estatal chilena Codelco anunciou nesta segunda-feira (19) uma aliança com a multinacional Rio Tinto para o desenvolvimento de um novo projeto de lítio na região de Maricunga, ao norte do Chile. A iniciativa insere um novo e relevante ator no setor chileno de lítio, atualmente dominado pelas companhias SQM e Albemarle.
Com o acordo, a Rio Tinto avança em sua estratégia de expansão no chamado “ouro branco”, essencial para a fabricação de baterias utilizadas em veículos elétricos. O projeto em Maricunga será desenvolvido em uma área ainda não explorada, mas considerada uma das mais ricas do mundo em lítio em salmoura. A mineradora anglo-australiana investirá até US$ 900 milhões no empreendimento, em troca de uma participação de 49,99%. O controle da operação permanecerá com a Codelco, que lidera a política estatal para o setor.
Expansão no mercado e uso de novas tecnologias
A parceria representa um avanço nos esforços do governo chileno para ampliar sua presença global na cadeia do lítio. Analistas destacam que a joint venture fortalece a ambição do país de retomar o posto de maior produtor mundial, posição perdida para a Austrália em 2017. Segundo Cesar Perez, analista do BTG Pactual, a iniciativa também permite à Codelco diversificar suas operações, tradicionalmente concentradas no cobre.
Além da associação em Maricunga, a Rio Tinto planeja integrar o novo projeto à infraestrutura já existente no norte do país, onde opera o empreendimento de cobre Nuevo Cobre em conjunto com a própria Codelco. O CEO da Rio Tinto, Jakob Stausholm, afirmou que a empresa pretende realizar aportes significativos e explorar sinergias que reduzam o consumo de água.
Os termos do acordo preveem um desembolso inicial de US$ 350 milhões após a conclusão do negócio, esperada para o primeiro trimestre de 2026. Outros US$ 500 milhões serão investidos após a decisão final de investimento, além de US$ 50 milhões adicionais condicionados ao início da produção comercial até 2030.
Em paralelo, a Rio Tinto vem ampliando sua atuação na América do Sul. Em 2021, adquiriu por US$ 825 milhões o projeto de lítio Rincon, na Argentina. No ano passado, investiu US$ 6,7 bilhões na aquisição da empresa americana Arcadium, com operações também em território argentino. A nova aliança com a Codelco amplia a presença da companhia na região e consolida uma estratégia de longo prazo, conforme avalia o consultor Daniel Jimenez, da iLiMarkets.
A Codelco também está em processo de aquisição de participação nas operações da SQM no Salar de Atacama, principal reserva de lítio em salmoura do planeta. Maricunga, situado ao sul, possui a segunda maior concentração.
Entre os desafios futuros está a adoção da extração direta de lítio (DLE, na sigla em inglês), considerada mais eficiente e sustentável que os métodos convencionais baseados na evaporação da salmoura. Contudo, a aplicação comercial do DLE tem esbarrado em obstáculos técnicos e na variabilidade química dos salares. A Codelco informou que estuda a adoção da tecnologia a partir de 2033. O projeto atraiu quatro propostas formais de investidores, cujos nomes não foram divulgados.