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por Fernando Moreira de Souza
Reportagem de Mariana Carneiro e Ivo Ribeiro, no Estadão, informa que a mineradora Vale está em negociações avançadas para assumir o controle da Bamin (Bahia Mineração), atualmente nas mãos do grupo cazaque Eurasian Resources Group (ERG). Segundo fontes próximas às tratativas, o ERG, que inicialmente pedia cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,7 bilhões) para deixar o negócio, estaria agora disposto a sair sem receber compensação financeira — repassando a empresa à nova composição societária apenas com a transferência das obrigações das concessões, consideradas elevadas em caso de inadimplência.
O desenho preliminar da operação prevê a transformação da Bamin em uma joint venture. A Vale ficaria com entre 50% e 60% do capital, o grupo brasileiro Cedro com 20% a 30%, e a BNDESPar (braço de participações do BNDES) com até 20%. O controle seria compartilhado entre os sócios.
Com a demora da Vale em fechar o acordo, o ERG impôs um prazo de exclusividade nas negociações, válido até o fim de maio. Após esse período, o grupo poderá buscar outros interessados para a venda da Bamin.
Uma das interessadas é a Brazil Iron, empresa de investidores europeus com sede em Londres. A companhia já teria apresentado, em março, uma oferta de US$ 1 bilhão (R$ 5,65 bilhões) pelo controle da Bamin, condicionada a um prazo de seis meses para levantar os recursos. Procurada pelo Estadão, a empresa não comentou a proposta, mas confirmou sinergias entre seus ativos e os da Bamin, sobretudo no uso da ferrovia Fiol e do Porto Sul, em Ilhéus.
Projeto avaliado em US$ 5 bilhões

Trecho da Fiol, ferrovia inacabada de mais de 1,5 km, ligando Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO) Foto: Ministério da Infraestrutura/ Divulgação
A Brazil Iron detém concessões de minério de ferro em Piatã, Abaíra e Jussiape, municípios localizados a cerca de 120 quilômetros ao norte de Brumado (BA), onde passam os trilhos da Fiol 1, atualmente sob concessão da Bamin. A empresa estima que seu projeto na região — sem incluir a Bamin — possa demandar investimentos da ordem de US$ 5 bilhões.
O plano inclui uma mina em Piatã, um ramal ferroviário de 120 km até a Fiol, plantas de pelotização e de produção de HBI (Hot Briquetted Iron, ou minério briquetado a quente), desde que haja garantia de fornecimento de gás natural.
Segundo a companhia, já foram investidos mais de R$ 1,5 bilhão em pesquisas mineralógicas e metalúrgicas. As reservas da região somariam 1,6 bilhão de toneladas de minério de ferro, com alto grau de confiança. O produto final é um pellet-feed com 67,2% de teor de ferro, adequado para a produção de HBI — insumo valorizado por siderúrgicas globais por permitir a fabricação de aço com menor emissão de CO₂.
A Brazil Iron conta com apoio do governo da Bahia tanto para viabilizar seu projeto quanto para uma eventual incorporação da Bamin.