A gigante da mineração Vale está em busca de um novo vice-presidente jurídico — e a vaga vem com um pacote de responsabilidades explosivo; mas a recompensa é um salário R$ 18 milhões por ano. Engana-se quem pensa que basta ser um craque do direito para assumir o jurídico da mineradora.
Segundo fontes do mercado, o verdadeiro requisito de ouro é outro: trânsito livre em Brasília. E não estamos falando só de lobby nos corredores do Congresso. É preciso saber navegar com habilidade nos Três Poderes, acalmar crises, apagar incêndios regulatórios e — por que não? — antecipar os humores da Praça dos Três Poderes.
O nome da vez? Sami Arap Sobrinho, advogado conhecido por seus tempos de Odebrecht e Brasil Telecom — duas empresas que, convenhamos, não são lembradas pelo compliance exemplar.
O nome de Arap não caiu do céu. Ele chegou ao conselho da Vale com um empurrão silencioso, mas poderoso de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e hoje figurão nos bastidores dos fundos de pensão estatais. Vaccari, já foi alvo da Lava Jato, agora atua como uma espécie de padrinho para indicações em altos escalões — e a cadeira jurídica da Vale parece ser a próxima conquista.
Cargo de risco, poder e blindagem política
O novo VP jurídico da Vale não vai apenas analisar contratos ou opinar sobre pareceres. Ele será o escudo da mineradora contra processos bilionários, ações coletivas, pressões socioambientais, e investigações federais. E, claro, terá a missão de manter os canais políticos lubrificados, especialmente com o governo e o Congresso.
Com a empresa no radar do Ministério Público e com seus passivos ambientais longe de se esgotarem, ter alguém que fale a língua da política virou prioridade absoluta.