por Fernando Fortuna
Segundo reportagem do site Mining.com, os preços dos diamantes naturais atingem mínimas e derrubam a estabilidade que teve durante anos. O mais recente relatório da consultoria McKinsey & Company mostra que o setor luta para se adaptar e garantir sustentabilidade em longo prazo.
Durante a pandemia, consumidores em isolamento social recorreram aos diamantes como uma forma de autocuidado, o atraso de casamentos inicialmente prejudicaram as vendas e as interrupções na cadeia de suprimentos gerou um pico na demanda, aumentando os preços.
Porém o pós-pandemia foi diferente, os tradicionais noivado e casamento retornam, as cadeias de suprimentos se normalizam, diamantes cultivados em laboratório se popularizaram por ser ambientalmente ético e os preços caíram. Os LGDs são 80% mais baratos que os diamantes extraídos e conquistar uma significativa fatia do mercado, como apontou o relatório.
Mudança nos valores do cliente
Consumidores conscientes sobre questões ambientais e sociais querem mais transparência e sustentabilidade na obtenção de diamantes. Os compradores querem que seus diamantes sejam extraídos em condições justas com sem impacto ambiental, principalmente entre as gerações mais jovens, que estão ressignificando o mercado de joias. A Geração Z é pioneira em preferência por produtos éticos, práticas trabalhistas justas e sustentabilidade.
Outros consumidores compram em plataformas digitais e as vendas de joias finas online crescem de forma significativa, o que aponta para um aumento no conforto com transações digitais para itens de alto valor. Outra grande mudança é a auto compra de consumidores que não esperam por eventos como noivado ou casamentos e compram jóis finas para si mesmos.
Na tentativa de atrair a geração nascida entre 1993 e 1998, a indústria Beers Group e Signet Jewelers lançaram em outubro a campanha “Worth the Wait” , que tem o objetivo de reacender nesse público a demanda por diamantes extraídos.
Geopolitíca e governo
As tensões geopolíticas são mais um desafio para a indústria, como as sanções aos diamantes russos, que bloquearam a cadeia de suprimentos global, inclusive para pedras maiores, como a Alrosa da Rússia, que já foi a maior produtora de diamantes do mundo em produção e foi duramente sancionada pelos EUA e pela União Europeia, o que levou a deslocamentos regionais. A McKinsey & Company alerta que essas restrições serão ainda mais rigorosas para pedras de 0,5 quilates ou mais e até 2025 esses problemas serão ainda maiores.
É esperado que o crescimento da oferta para diamantes naturais permaneça lento e o aumento anual seja de 1–2% até 2027. Na batalha contra a escassez de recursos, muitas empresas estão deixando a mineração a céu aberto para operações subterrâneas mais caras, e a tentativa de investir bilhões para estender a vida útil de suas minas são caros e demorados, como o caso da De Beers.
Com a necessidade de práticas transparentes e sustentáveis, a intervenção governamental também está redesenhando a indústria em regiões ricas em diamantes. Autoridades públicas de Botsuana estão assumindo maiores participações em operações de mineração.
A consultoria mostra que, para empresas dispostas a se adaptar, existem oportunidades ao diversificar suas ofertas incorporando LGDs ou diamantes reciclados em seus portfólios, podem atrair consumidores que valorizam raridade e tradição exibindo o valor único dos diamantes naturais e ainda podem se alinhar com as inovações e mudanças de valores do consumidor, podendo retomar o sucesso novamente.