A presença de mulheres no setor de mineração tem crescido, mas ainda enfrenta entraves significativos. É o que mostra o Relatório de Indicadores 2024, publicado pela organização Women in Mining Brasil (WIM Brasil) em colaboração com a consultoria Ernst & Young. O levantamento analisou dados de 50 empresas do setor, destacando avanços importantes em diversidade, equidade e inclusão (DEI), embora aponte desafios que persistem nas estruturas organizacionais.
Participação cresce, mas liderança feminina segue baixa
De acordo com o relatório, a participação feminina chegou a 23% da força de trabalho na mineração em 2024 — um crescimento de dois pontos percentuais em relação ao ano anterior. Atualmente, mais de 30 mil mulheres estão empregadas no setor, um indicativo de que iniciativas de inclusão têm gerado resultados.
Outro avanço está relacionado à rotatividade. O índice de turnover feminino caiu para 17%, cinco pontos abaixo do registrado em 2023. Além disso, 86% das empresas já monitoram disparidades salariais entre homens e mulheres, percentual que representa uma melhora expressiva frente aos 64% observados em 2022.
Para Vânia Lúcia de Lima, conselheira da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) e integrante do WIM Brasil, os números refletem uma mudança estratégica. “As empresas perceberam que o olhar feminino está conectado com os valores contemporâneos. Somos metade da população e não podemos ficar à margem desse setor”, afirma.
Apesar disso, apenas 11% dos conselhos de administração contam com presença feminina. O relatório também aponta uma queda nas promoções de mulheres, tanto em cargos operacionais quanto gerenciais, o que sugere dificuldade de ascensão profissional.
Ambiente e políticas ainda precisam evoluir
A baixa adesão à licença parental integral também preocupa: apenas 28% das mulheres elegíveis usufruem totalmente do benefício, o que, segundo o relatório, evidencia a necessidade de revisar políticas de apoio à maternidade e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Embora 94% das empresas mantenham iniciativas de diversidade e inclusão, houve uma leve retração em comparação com o ano anterior. Por outro lado, cresceu o número de treinamentos sobre temas como liderança inclusiva e vieses inconscientes, demonstrando maior conscientização interna.
Para os departamentos de Recursos Humanos, o estudo envia um recado direto: é necessário ir além das ações pontuais. O fortalecimento da diversidade exige políticas contínuas, espaços de escuta e lideranças engajadas.
Como conclui o relatório, o futuro da inclusão na mineração dependerá de transformações estruturais que garantam a permanência e o crescimento das mulheres em todas as esferas do setor.