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por Fernando Moreira de Souza
Reportagem de Robson Rodrigues, no Valor Econômico, informa que a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) firmou um contrato com a Internexco GmbH, subsidiária da estatal russa Rosatom, para exportar até 275 mil quilos de concentrado de urânio (U3O8), extraído em Caetité, na Bahia. O material será processado no exterior e retornará ao Brasil até dezembro de 2027 na forma de hexafluoreto de urânio (UF6) enriquecido a 4,25%, utilizado na produção de combustível para as usinas nucleares Angra 1 e 2.
Para viabilizar a exportação, está em andamento o planejamento logístico das operações terrestres, além da contratação do transporte marítimo até a Rússia e do processo de licenciamento para exportação. O presidente da INB, Adauto Seixas, afirmou que a empresa pretende ampliar a frequência dessas operações por meio de futuras licitações internacionais.
Etapas do processo e desafios da produção nacional
A conversão do urânio é a única fase do ciclo de combustível nuclear que não é realizada pela INB. Esse processo transforma o “yellowcake” em hexafluoreto de urânio (UF6), substância que se torna gasosa em baixas temperaturas, permitindo a etapa de enriquecimento. Atualmente, a INB está implantando sua usina de enriquecimento em Resende (RJ), onde será possível suprir até 70% da demanda de Angra 1.
O Brasil, detentor da oitava maior reserva de urânio do mundo e tecnologia para enriquecimento com fins pacíficos, enfrenta desafios para atender sua própria demanda. Apesar da capacidade de produzir 400 toneladas anuais, a mineração ainda é insuficiente, suprindo apenas 40% do urânio necessário para abastecer Angra 1. O restante é importado, principalmente da Rússia.
Licitações internacionais e expansão da exploração
A contratação do serviço ocorreu por meio de uma licitação internacional, onde o critério de julgamento foi o menor preço global, desde que os requisitos técnicos fossem atendidos. Com mudanças regulatórias e legislativas, o setor tem atraído empresas privadas interessadas na extração de urânio, como a Rosatom e a Galvani.
Atualmente, a exploração no Brasil está concentrada em Caetité, mas há um projeto em andamento em Santa Quitéria, no Ceará, ainda em fase de audiências públicas. O desenvolvimento dessa nova unidade pode contribuir para a redução da dependência do país de fornecedores estrangeiros e fortalecer a indústria nuclear brasileira.