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por Fernando Moreira de Souza
Pesquisadores do CERN, o maior centro de pesquisa em física de partículas da Europa, conseguiram transformar átomos de chumbo em átomos de ouro por frações de segundo. A façanha foi realizada no Grande Colisor de Íons Pesados (LHC), localizado na Suíça, por meio de colisões de núcleos atômicos em altíssima velocidade.
Ao acelerarem feixes de chumbo até velocidades próximas à da luz e forçarem sua colisão, os cientistas observaram a remoção de prótons dos núcleos de chumbo. Com a perda de três dessas partículas subatômicas, o elemento, que originalmente possui 82 prótons, passou a ter 79 — número correspondente ao ouro na tabela periódica.
Um sonho alquímico momentaneamente alcançado
A tentativa de transmutar metais menos valiosos em ouro é antiga. No século XVII, alquimistas se dedicaram a essa busca sem sucesso. Agora, graças à tecnologia de ponta e aos recursos da física moderna, esse feito foi momentaneamente alcançado — embora por apenas um microssegundo, tempo inferior ao de um piscar de olhos.
Os resultados, embora impressionantes, não indicam viabilidade prática ou econômica para a produção de ouro em escala. A quantidade total gerada entre 2015 e 2018 foi estimada em cerca de 86 bilhões de núcleos de ouro — o que representa aproximadamente 29 trilionésimos de grama. A maioria desses átomos, no entanto, era instável e se desintegrou rapidamente ao colidir com as paredes dos equipamentos ou ao se fragmentar em outras partículas.
Técnica e limitações do experimento
O processo envolveu o direcionamento de feixes de chumbo para choques frontais dentro do acelerador. Durante as colisões, foi registrada a ejeção de prótons de forma natural, provocada pela altíssima energia envolvida. Como resultado, formaram-se núcleos de ouro extremamente efêmeros.
Apesar de o experimento ter sido repetido inúmeras vezes, a criação de ouro permaneceu limitada a escalas subatômicas. Ainda assim, o estudo representa um avanço significativo na compreensão das reações nucleares de alta energia e do comportamento da matéria em condições extremas.
Fonte: G1 Ciência