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Por Ricardo Lima
Apesar do crescimento contínuo nas vendas de veículos elétricos (EVs), o mercado de metais utilizados em baterias — como lítio, cobalto, níquel, manganês, grafite e materiais reciclados — segue em queda. Segundo a última análise da Fastmarkets, agência especializada em preços de commodities, o cenário é dominado por excesso de oferta, investimentos tímidos e incertezas regulatórias. Informações do Mining.com
Lítio e cobalto lideram quedas
O lítio registrou as maiores perdas. O preço à vista do espodumênio caiu 19,1% em maio na China, chegando a US$ 612,50 por tonelada — recuo de 30% desde janeiro. Já o carbonato de lítio caiu 10,3% no mês, fechando em RMB 59.650 por tonelada. “As vendas de veículos elétricos continuam saudáveis, então a fraqueza nos preços do lítio é causada pelo excesso de oferta”, afirmou William Adams, chefe de Pesquisa de Metais Básicos da Fastmarkets. Ele também destacou que a demanda chinesa por sistemas de armazenamento de energia caiu 1,5% no primeiro trimestre, o que pode agravar o pessimismo no mercado.
O cobalto segue trajetória semelhante. Em maio, os preços caíram em todos os produtos, apesar dos altos volumes de comércio da China. As importações de cobalto metálico cresceram 60% em abril, e as exportações aumentaram 202% em relação ao ano anterior. Rob Searle, analista sênior da Fastmarkets, alertou: “As refinarias chinesas enfrentam a perspectiva de um déficit de 60 mil toneladas de unidades de cobalto no terceiro trimestre”.
Excesso de níquel, incerteza no grafite
No mercado de níquel, o excesso de produção — especialmente vindo da Indonésia e da China — mantém os preços em queda. A cotação à vista na LME caiu mais 1,6% em maio, para US$ 15.105 por tonelada. “Não há narrativa de alta no curto prazo para o níquel”, avaliou Olivier Masson, analista principal da Fastmarkets.
Já o setor de grafite enfrenta riscos regulatórios crescentes. Enquanto o grafite natural continua isento de tarifas dos EUA, o grafite sintético segue sujeito a uma taxa de importação de 55%. “A incerteza em várias frentes está impedindo o investimento e a diversificação na cadeia de suprimento do grafite”, observou Amy Bennett, analista da Fastmarkets.
Reciclagem pressionada por margens apertadas
As operações de reciclagem, sobretudo por via hidrometalúrgica, também estão sob pressão. Os baixos preços do lítio aproximam os refinadores do ponto de equilíbrio, tornando inviável o processamento de materiais com alto teor de manganês. “O mercado está espremido entre preços fracos dos metais e a escassez de matéria-prima”, avaliou Luke Sweeney, analista sênior de reciclagem.