O Encontro de Competências de Tecnologia Mineral e Inovação busca mapear capacidades, identificar desafios e explorar oportunidades para maximizar a agregação de valor ao Patrimônio Mineral Brasileiro, promovendo a verticalização da indústria de base mineral para posicionar o país de forma competitiva no cenário global. O evento reuniu em Goiânia, especialistas na área de tecnologia mineral dos setores acadêmicos, governamentais e empresariais.
“O grande desafio da mineração é se conectar com a indústria. Nosso cliente é a indústria, nossos parceiros devem ser da indústria”, avalia Luíz Antônio Vessani, empresário e presidente do SEEIG. “Esse evento mostra que, apesar de termos muitas competências, elas estão desarticuladas”, destacou Vessani, que criticou a desativação, em Goiás, do Centro de Tecnologia de Furnas, que, segundo ele, é referência mundial em engenharia de barragem.
Vessani aponta que uma das conclusões do encontro é que existe muita competência de altíssimo nível, que se superpõem e às vezes se complementam. “Se nós juntarmos todas as competências que existem, as estruturas, o Brasil pode se considerar apto a atender essa demanda de evolução tecnológica. O que ficou patente é que essas entidades não conversam entre si, não têm um intercâmbio eficiente”, avalia.
A solução para enfrentar o problema, acordada pelos especialistas que participaram do encontro, é articular uma comunicação eficiente entre as diversas entidades que atuam em tecnologia e inovação para o setor mineral, com a criação de um grupo de trabalho que fará um diagnóstico de toda a competência existente no país. “O grupo de trabalho vai propor uma nova política. É um objetivo bastante humilde, mas necessário neste momento”, avalia Vessani, destacando ainda que dentro do governo existem algumas ferramentas importantes para fomentar a inovação, como a FINEP e Embrapi.
O Painel debate Capacidade dos Centros Tecnológicos de Pesquisa Mineral e de Inovação. Mediado por Wilson Borges (CASMIN), o painel teve a participação de diversos especialistas, entre eles, o professor André Silva (UFCAT) que destacou a importância dos centros de pesquisa. “Se analisarmos o que está acontecendo no mundo, queremos uma produção mais consciente, com menor geração de carbono. Para isso, precisamos de novas tecnologias.
E sem centros de pesquisa, acabamos sendo apenas reativos. O conhecimento é a mercadoria do novo milênio, e precisamos desenvolvê-lo”, avalia Silva. Maria José Salum, professora da UFMG, que participa do comitê de ESG da Sigma Lithium, acredita que para inovar é preciso um ambiente apropriado. “Inovação exige pensar fora da caixa.
Ou seja, depende de um ambiente fértil, mais propício para que ideias inovadoras antecipem problemas futuros”, pondera Salum. Segundo a pesquisadora, é importante que as empresas trabalhem em parceria com os centros de pesquisa, refletindo sobre problemas e antecipando as dificuldades que serão cada vez maiores em relação, por exemplo, à complexidade dos minérios e questões ambientais.
“Esse evento vem para fomentar essa discussão. Eu até trouxe como referência que, em outros países, essa pesquisa, que é um pouco mais de longo prazo, é financiada pela indústria. Isso não ocorre no Brasil. Falta um engajamento da indústria para desenvolver a tecnologia mineral. Eu queria que um dia a indústria mineral fosse um Google, uma IBM, que colocasse cérebros para pensar, para inovar, nós vamos precisar disso”, destaca Salum.
A Mesa Redonda discute Sinergias para o Desenvolvimento Tecnológico
Miguel Nery, consultor da ABPM, mediou o debate sobre Sinergias para o Desenvolvimento Tecnológico. Ele avalia que o evento cumpriu seu papel de estimular o debate.
“Reunimos as principais autoridades de ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação em mineração no Brasil para discutir vários aspectos, competências tecnológicas e também fazer uma avaliação do quadro geral do desenvolvimento da pesquisa e da inovação em mineração no país e, ao final, definimos a estruturação de um grupo de trabalho com o qual, certamente, organizaremos uma rede que faltava para pesquisa, desenvolvimento e inovação em mineração”, disse.
Nery acredita que essa rede será o grande passo para articular o conjunto das instituições de pesquisa, desenvolvimento e inovação no país.
O presidente do Conselho Consultivo da Adimb, Marcos André Gonçalves, também foi um dos debatedores do encontro. Ele destacou que muito do que foi falado no evento vai de encontro com a percepção da entidade. Gonçalves disse que seria importante a criação de uma rede permanente público-privada de inovação tecnológica para difusão de tecnologia na cadeia produtiva da mineração.
Luís Bittencourt, da New Wave, disse que o encontro foi uma oportunidade para entender qual é a capacidade que existe no Brasil para inovação e desenvolvimento tecnológico na área de mineração.
“Muito interessante saber realmente a capacidade enorme que existe no Brasil”, disse Bittencourt, destacando que a New Wave desenvolveu uma tecnologia inovadora para a indústria mineral que gera um campo inexplorado para o beneficiamento mineral e aproveitamento de materiais que hoje estão em barragens de rejeito.
“Um exemplo é a eliminação, que é o nosso objetivo, das barragens de lama vermelha, que é um estorvo ambiental para indústria do alumínio. E nós estamos focados nesse tipo de tecnologia, ou seja, tecnologia mineral, disruptiva, com foco em sustentabilidade,” disse Bittencour.
O Encontro de Competências de Tecnologia Mineral e Inovação é uma iniciativa do Sindicato das Indústrias Extrativas de Goiás e do Distrito Federal (SIEEG-DF), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) e Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM).