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Por Ricardo Lima
Empresas emergentes na área de terras raras estão disputando cerca de US$ 1 bilhão em apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para encaminharem seus projetos de extração de terras raras. A iniciativa, coordenada pelo BNDES e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), visa impulsionar um setor considerado estratégico globalmente por seu uso em tecnologias avançadas. Matéria da repórter Mariana Durão na Bloomberg Línea.
A expectativa é que, nesta quinta-feira (12), seja divulgada uma lista oficial com os empreendimentos considerados prioritários. Ao todo, foram submetidas 124 propostas, que somam US$ 15 bilhões em investimentos pretendidos. Muitas delas são voltadas à exploração de terras raras, elementos essenciais para a produção de ímãs, baterias e equipamentos de alta performance.
Oportunidade diante da tensão geopolítica
A crescente disputa comercial envolvendo a China e outros países em torno desses minerais — cuja cadeia de fornecimento é fortemente dominada pelo país asiático — criou oportunidades para empresas iniciantes. Atualmente, o Brasil possui 23% das reservas globais conhecidas, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, ficando atrás apenas da China.
O diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, José Luis Gordon, comentou o cenário geopolítico: “O mundo percebeu que não pode depender de um só país”. Segundo ele, o banco considera atrair instituições internacionais como a Agência de Cooperação Internacional do Japão, desde que os projetos contemplem também o refino dos minerais. Além disso, o financiamento pode envolver capital do fundo climático brasileiro e parcerias privadas.A crescente disputa comercial envolvendo a China e outros países em torno desses minerais — cuja cadeia de fornecimento é fortemente dominada pelo país asiático — criou oportunidades para empresas iniciantes. Atualmente, o Brasil possui 23% das reservas globais conhecidas, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, ficando atrás apenas da China.
Mineradoras em busca de financiamento e mercado
Entre as companhias em fase inicial com propostas no Brasil estão a Aclara Resources, a Viridis Mining and Minerals e a Meteoric Resources. A atuação dessas mineradoras pode marcar uma virada no setor, ainda dominado por uma única produtora nacional: o Grupo Serra Verde, que possui investidores norte-americanos e contratos de venda majoritariamente com compradores chineses.
Ramon Barua, CEO da Aclara, enfatizou o potencial ambiental da operação no país: “O Brasil é uma cópia geológica do que os chineses têm. A diferença é que estamos fazendo isso de uma forma super ambientalmente correta”. Ele disse à Bloomberg News que a empresa pretende minerar e processar os minerais no Brasil, com o objetivo de abastecer uma planta de ímãs na Carolina do Sul, nos Estados Unidos.
A Viridis, por sua vez, tem dialogado com bancos públicos de diversos países — como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Japão, Coreia do Sul e Austrália — em busca de ampliar sua base de financiadores e compradores. Klaus Petersen, diretor da empresa no Brasil, explicou: “Toda a cadeia industrial ainda precisa ser estruturada”. Segundo ele, apenas instituições de fomento têm sido procuradas até o momento.
Desafios do mercado global
Apesar do interesse crescente, o setor ainda enfrenta obstáculos significativos. A consultoria Wood Mackenzie estima que os preços dos minerais precisariam dobrar para tornar viável uma cadeia de fornecimento fora da China. Além da dificuldade de extração, o processamento dos elementos e a falta de uma referência internacional de preços contribuem para o risco percebido pelos investidores.
Johann Schmid, chefe de consultoria em metais da Wood Mackenzie, avaliou que há uma barreira financeira considerável: “Os investidores não estão dispostos a assumir todos esses riscos, então é necessário haver incentivos, provavelmente por parte de governos, para ajudar a reduzir esses riscos”. Segundo ele, os estímulos públicos são essenciais para a consolidação de um mercado mais transparente e estável fora da China.