Representantes de Brasil, Argentina, Chile e Bolívia estão considerando criar um grupo com foco em lítio para aumentar a capacidade de processamento na América do Sul. Esse grupo seguiria esquemas semelhantes aos da OPEP, em termos de produção coordenada, precificação e boas práticas.
O objetivo seria transformar o lítio extraído em baterias e explorar o setor de fabricação de veículos elétricos. Argentina, Chile, Bolívia já vêm discutindo o assunto desde julho de 2022, quando os chanceleres se reuniram na conferência da Celac em Buenos Aires.
Os três países que compõem o “triângulo do lítio” – Argentina, Chile e Bolívia – possuem cerca de 65% dos recursos mundiais conhecidos de lítio e atingiram 29,5% da produção mundial em 2020.
O Brasil, que possui pouca experiência com o minério, é um estudo de caso global em mobilidade de baixo carbono e possui experiência na fabricação de automóveis. A chegada da Sigma Lithium com a abertura da mina de lítio da Grota do Cirilo em abril será importante. Afinal, a empresa provou sua capacidade de produzir lítio de forma ambientalmente sustentável.
A demanda por baterias aumentou, e o interesse compartilhado em maximizar os benefícios da demanda e dos preços crescentes reavivou as negociações regionais para cooperação.
Países da América Latina focam no lítio
Até o México está fazendo movimentos para fazer parceria com seus vizinhos do sul. De acordo com estudos, o México possui cerca de 1,7 milhão de toneladas de reservas do mineral.
Além disso, estudos indicam que a Argentina passará de 6% do fornecimento mundial de lítio em 2021 para 16% até 2030. Dessa forma, superará o Chile como o segundo produtor mundial de lítio até 2027, atrás apenas da Austrália. Grandes mineradoras investiram na Argentina nos últimos anos.
Grandes mineradoras, incluindo a Rio Tinto e a Posco, têm investido no setor na Argentina. A montadora chinesa Chery Inc., por exemplo, planeja construir uma fábrica de VEs e baterias de US$ 400 milhões na Argentina. Da mesma forma, a fabricante de baterias Gotion High-tech Co. está avaliando a construção de uma refinaria de carbonato de lítio na região. Além disso, os investimentos no setor na Argentina atingiram cerca de US$ 1,5 bilhão no ano passado.
Enquanto isso, Chile e Bolívia ainda hesitam em permitir que empresas estrangeiras explorem suas reservas.