por Fernando Fortuna
Os últimos dois séculos da Capital do Calçado no Brasil foram permeados pela cobiça e pela riqueza, quando Franca era o centro estratégico de comércio e lapidação de pedras preciosas, o que norteou o desenvolvimento econômico da região com o brilho dos diamantes.
Esse ciclo tem inicio pelas praticas dos entrantes e bandeirantes nos séculos XVII e XVIII, quando a busca pelo enriquecimento rápido os motivou a abrir caminhos entre São Paulo, Minas Gerais e Goiás, ocupando esses territórios e explorando suas riquezas minerais, segundo o professor Pedro Geraldo Saad Tosi, especialista em história econômica da Universidade Estadual Paulista, no período conhecido como o século da mineração.
Atraídos pelos fatores geológicos e pelo relevo favorável à mineração, enquanto alguns bandeirantes desbravavam as rotas, outros se fixavam em Franca, que surgia como um ponto estratégico e a cidade se tornou um importante centro de comércio de diamante. A movimentação comercial acontecia no centro de Franca, mais precisamente na Praça Barão, que além de ser ponto de passagem, gerou um processo autônomo de acúmulo de riqueza, independente de incentivos governamentais.
Registros históricos indicam que ao menos 11 municípios da região participaram da extração, com destaque para as 146 áreas potenciais de garimpo em Patrocínio. De acordo com estudos da Divisão de Geologia e Recursos Minerais do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), apesar de Franca ser central no comércio de diamantes, a maior parte das pedras preciosas foi encontrada em cidades vizinhas, entre São Paulo e Minas Gerais e as primeiras descobertas ocorreram em Patrocínio Paulista, às margens do Rio Santa Bárbara, seguidas por garimpos nos rios Sapucaizinho e Canoas.
O desenvolvimento da lapidação de diamantes é outro aspecto que diferencia Franca no ciclo da mineração. O que permitiu que as pedras extraídas alcançassem mercados de longa distância, agregando ainda mais valor e ampliando as possibilidades econômicas da região, raramente vista em outros locais do Brasil naquele período, foi justamente essa refinada habilidade dos moradores locais.
A exploração das riquezas minerais foi passageira e o ciclo da mineração em Franca não durou muito tempo, assim como em outras regiões do Brasil, mas com suas técnicas de lapidação e comércio, a cidade preservou o legado das pedras preciosas.