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por Fernando Moreira de Souza
Reportagem de Pedro Lovisi, na Folha informa que a Vale Base Metals, subsidiária da mineradora Vale, anunciou planos para intensificar a extração de cobre nos próximos anos, com foco na região amazônica do Pará. A iniciativa tem como objetivo atender à crescente demanda impulsionada pela eletrificação da economia e pela expansão da inteligência artificial.
Atualmente, a companhia projeta extrair entre 420 mil e 500 mil toneladas de cobre anualmente a partir de 2030, considerando suas operações globais, incluindo o Canadá. No entanto, a estratégia de expansão visa aumentar essa capacidade para 700 mil toneladas até 2035, sendo a maior parte proveniente de novos empreendimentos no sudeste do Pará.
Cobre: insumo essencial para data centers e eletrificação
O aumento da demanda por cobre está diretamente ligado à transição energética e ao avanço da tecnologia. O metal é fundamental para sistemas elétricos e, com a substituição progressiva dos combustíveis fósseis pela eletrificação, espera-se um crescimento significativo no consumo.
A expansão da inteligência artificial e a instalação de novos data centers também impulsionam a necessidade do insumo. De acordo com Shaun Usmar, executivo da Vale Base Metals, grandes quantidades de cobre serão utilizadas na construção dessas infraestruturas. Ele destacou, durante evento em Toronto, que a previsão é de um aumento expressivo na quantidade de data centers, especialmente nos Estados Unidos, onde a expectativa é de que o número desses complexos passe de 5.400 para 10 mil até o final da década.
Perspectivas para o Brasil e novos projetos
Apesar de ser a principal fonte de cobre da Vale, o Brasil ainda ocupa posição modesta no mercado mundial, produzindo cerca de 300 mil toneladas anuais. Em comparação, o Chile, líder global, extraiu 5,3 milhões de toneladas no último ano. O potencial brasileiro, no entanto, é significativo, com reservas estimadas em 10 milhões de toneladas.
A maior mina de cobre em operação no país é a Salobo, localizada em Marabá (PA), que produziu cerca de 200 mil toneladas no ano passado. O plano de expansão da Vale inclui projetos como o Paulo Afonso, com previsão de produzir entre 70 mil e 100 mil toneladas anuais, e o Bacaba, próximo à mina de Sossego, que deve atingir 60 mil toneladas anuais assim que obtiver licença para operação.
A região de Sossego, conhecida como South Hub, tem enfrentado desafios ambientais, com queixas de moradores sobre poeira e ruídos. No ano passado, o governo do Pará chegou a suspender temporariamente as atividades no local.
Outro projeto relevante é o Cristalino, que pode adicionar entre 70 mil e 90 mil toneladas de cobre anuais por um período de 22 anos. Segundo Usmar, a separação da Vale S.A. possibilitou maior autonomia para viabilizar esses empreendimentos, muitos dos quais estavam em discussão há mais de duas décadas.