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Por Ricardo Lima
A crescente poluição ambiental na Amazônia, impulsionada pela mineração irregular e descarte industrial inadequado, tem provocado impactos significativos nos rios locais. Um estudo recente desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará e denominado “Environmental pollutant removal tests by new materials synthesized from mineral tailings disposed in the region“, revela que materiais sintetizados a partir de rejeitos minerais — como a vermiculita ativada com sódio, são altamente eficazes na remoção de corantes industriais e metais pesados, como cromo e manganês, dos efluentes contaminados. A pesquisa foi publicada na revista REM – International Engineering Journal.
Testes laboratoriais indicaram que a vermiculita ativada removeu 99% do corante metileno azul, enquanto a fase tipo Shigaite LDH eliminou 97% do cromo hexavalente e 100% do manganês heptavalente, abrindo caminho para soluções econômicas e sustentáveis no tratamento de águas poluídas na Amazônia.
Poluentes industriais na Amazônia
O aumento da mineração ilegal na Amazônia tem causado sérios problemas ambientais, como a degradação do solo e a contaminação das águas por metais pesados. Paralelamente, indústrias do setor têxtil e de couro despejam efluentes contendo corantes e metais tóxicos, prejudicando o ecossistema aquático e comprometendo a biodiversidade. Esses poluentes afetam a penetração da luz solar e o oxigênio dissolvido, resultando em ambientes tóxicos para a fauna e flora locais.
Diante desse cenário, métodos convencionais de remoção, embora eficazes, muitas vezes apresentam custos elevados e complexidade operacional. Por isso, o desenvolvimento de materiais adsorventes a partir de rejeitos minerais da própria região surge como alternativa promissora e sustentável.
Testes revelam alto desempenho de resíduos
A pesquisa focou em dois materiais: a vermiculita ativada com sódio, obtida a partir de rejeitos descartados após uso convencional, e uma fase tipo Shigaite, sintetizada com resíduos da mineração de manganês na Província Mineral de Carajás, Pará.
Nos testes com corantes industriais, a vermiculita ativada alcançou 99% de remoção do corante metileno azul (catiônico), mas não teve eficácia com o corante laranja metila (aniônico). Já nos testes com metais pesados, a fase tipo Shigaite LDH apresentou remoção de 97% do cromo hexavalente e 100% do manganês heptavalente, embora tenha removido apenas 18% do cobre divalente.
Esses resultados são explicados pela carga superficial dos materiais, que influencia a seletividade na adsorção dos poluentes. A vermiculita ativada apresenta carga negativa acima do ponto de carga zero, favorecendo a remoção de íons catiônicos, enquanto a fase Shigaite possui carga positiva em condições similares, o que justifica sua eficácia contra certos ânions metálicos.
A conclusão do estudo destaca o potencial desses materiais, originados de rejeitos minerais da própria Amazônia, para serem aplicados em tratamentos de efluentes industriais, contribuindo para a redução da contaminação hídrica e promovendo a sustentabilidade ambiental na região.