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Por Ricardo Lima
Os contratos futuros de cobalto na China registraram forte alta nesta segunda-feira (24), atingindo os maiores patamares desde meados de março. O movimento ocorre após a República Democrática do Congo (RDC), maior produtora mundial do metal, estender por mais três meses a proibição de exportação de concentrado, medida inicialmente implementada em fevereiro.
A decisão, considerada inesperada pelo mercado, poderá retirar do mercado global mais de 100 mil toneladas de cobalto ao longo de sete meses, segundo estimativas de analistas. O Congo é responsável por mais de 80% da produção global do metal, essencial para a fabricação de baterias de veículos elétricos.
Impacto nos preços e nas operações globais
Na Bolsa de Aço Inoxidável de Wuxi, na China, o contrato futuro mais negociado subiu mais de 9%, alcançando 254 iuanes — cerca de US$ 35,34 — por quilo. É o maior nível registrado desde 14 de março, de acordo com a agência Reuters.
Apesar da restrição, a mineradora chinesa CMOC Group, que opera as minas de Tenke Fungurume e Kisanfu, no Congo, afirmou que suas operações não devem ser significativamente afetadas pela medida.
O mercado de cobalto já vinha passando por forte pressão. No início de junho, a gestora Cobalt Holdings cancelou os planos de abrir capital na Bolsa de Londres, frustrando expectativas de investidores com o que seria o maior IPO do setor de mineração no Reino Unido desde 2022. A companhia pretendia captar até US$ 230 milhões para, entre outros objetivos, adquirir 6 mil toneladas de cobalto físico da Glencore — segundo maior produtor global do metal — com desconto. Dias após a imposição da proibição, a Glencore chegou a declarar force majeure (cláusula de exceção) sobre parte de suas entregas de cobalto.
Antes da decisão do Congo, os preços do cobalto vinham acumulando quedas históricas, pressionados por excesso de oferta e pela demanda mais fraca da indústria de veículos elétricos — que há alguns anos superou os setores aeroespacial e de aviação como principal consumidor do metal. Em janeiro, o cobalto na forma de sulfato, utilizado na cadeia de produção de baterias na China, chegou a ser comercializado, em média, por apenas US$ 3.556 por tonelada, o menor valor em termos reais.
No entanto, após a restrição, os preços reagiram com força, subindo 80% e alcançando US$ 6.394 em maio. Ainda assim, o valor permanece distante do recorde registrado em 2022, quando atingiu US$ 19 mil por tonelada.
Além do Congo, a Indonésia também tem ampliado a produção de cobalto como subproduto do níquel, cujas exportações seguem em crescimento. Informações de mercado apontam que os dois países estão em negociações para coordenar a gestão da oferta de cobalto, possivelmente através de cotas de exportação ou acordos bilaterais.