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por Fernando Moreira de Souza
Reportagem de André Borges, na Folha informa que a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) obteve a licença ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar o desmonte da unidade de exploração de urânio em Poços de Caldas, sul de Minas Gerais. A instalação, que foi a primeira do país a realizar essa atividade, iniciou suas operações em 1982 e teve suas atividades encerradas em 1995. Desde então, aguardava autorização para o chamado “descomissionamento”.
Embora a licença tenha sido concedida, o início efetivo do desmonte ainda enfrenta um obstáculo significativo: a necessidade de destinação adequada para milhões de toneladas de resíduos radioativos armazenados na unidade. Esse passivo ambiental representa um custo estimado em R$ 1,2 bilhão para tratamento e descarte, montante que a estatal não possui em caixa.
Busca por solução financeira
Para evitar esse alto custo, a INB tenta vender o material radioativo para outros países interessados em processar os minérios contidos nos resíduos. Em 2023, um edital foi publicado para viabilizar essa transação, mas até o momento nenhuma negociação foi concluída. Segundo o presidente da estatal, Adauto Seixas, delegações da Rússia, Índia, Canadá, França, China e Coreia do Sul já visitaram as instalações. Entre esses países, a China demonstrou maior interesse, e as tratativas continuam em andamento.
A prioridade da INB, de acordo com Seixas, é eliminar o passivo ambiental, independentemente de gerar lucro com a venda do material. “Se conseguirmos um acordo para a retirada desse resíduo, já será suficiente”, afirmou.
Estimativas de custo e prazo
O processo de desmonte e recuperação ambiental da unidade de Poços de Caldas já teve seu custo inicial estimado em US$ 500 milhões (cerca de R$ 3 bilhões). No entanto, após revisões e a possibilidade de venda do resíduo, a previsão foi reduzida para R$ 700 milhões. A duração da operação é estimada entre 20 e 30 anos, podendo sofrer ajustes conforme avançam os estudos sobre a característica da área.
Atualmente, cerca de R$ 190 milhões estão previstos para as primeiras etapas, com um investimento de aproximadamente R$ 10 milhões a R$ 11 milhões em 2024. Pequenas ações de descomissionamento já vinham sendo realizadas nos últimos 30 anos, mas agora o processo ganha maior escala.
Enquanto o desmonte de Poços de Caldas se desenrola, a INB segue com projetos de exploração de urânio no país. Atualmente, a produção nacional ocorre em Caetité, na Bahia. Além disso, a estatal planeja iniciar o Projeto Santa Quitéria, no Ceará, com previsão de extrair 2.300 toneladas anuais de concentrado de urânio.