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Por Ricardo Lima
A Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) projeta que o Brasil alcance autossuficiência no ciclo do combustível nuclear a partir de 2027, com a entrada em operação da mina de Santa Quitéria, no Ceará. O empreendimento, desenvolvido em parceria pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela empresa Galvani, deverá produzir 2,3 mil toneladas anuais de concentrado de urânio — número quase seis vezes superior ao da atual produção nacional, restrita à mina de Caetité, na Bahia.
Segundo o diretor de gestão corporativa da ENBPar, Leandro Xingó, “é muito importante concluir projetos estratégicos, como a mina de Santa Quitéria e a usina de Angra 3, porque nós pagamos mais de R$ 100 milhões por mês apenas para manutenção dos equipamentos parados”, declarou, de acordo com o Valor Econômico.
Reservas e expansão
O Brasil possui a sétima maior reserva mundial de urânio, com mais de 230 mil toneladas estimadas, embora boa parte ainda esteja sem exploração desde levantamentos feitos há mais de quatro décadas. A aposta em Santa Quitéria se soma à ampliação da Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio (Uceu), em Resende (RJ). Quando concluída, a unidade poderá abastecer integralmente Angra 1 e Angra 2, além de Angra 3 caso a construção seja retomada.
Além da expansão física, o país busca inserir inovação na cadeia do setor. Entre as prioridades estão o fortalecimento da pesquisa mineral, a atração de investimentos privados e o avanço em novas tecnologias, como os reatores modulares pequenos (SMRs), apontados como alternativa mais sustentável e descentralizada para a produção de energia.
Papel na matriz energética
Hoje, a energia nuclear responde por cerca de 3% da eletricidade consumida no Brasil, funcionando de forma complementar a fontes como hidrelétricas, eólicas e solares. Para a ENBPar, o avanço em urânio e em novas usinas pode ampliar a segurança energética do país.
“O mundo todo está voltado para a questão dessa energia do urânio, que é uma energia limpa. E o Brasil tem todos os potenciais para se tornar protagonista nesse setor”
Leandro Xingó – Diretor na ENBPar
Com o início da produção em Santa Quitéria, a expansão da Uceu e a possível retomada de Angra 3, o Brasil pretende consolidar uma posição de destaque no mercado nuclear global nos próximos anos.