A Vale pretende expandir a produção de níquel e cobre no Brasil, afirmou José Luís Marques Santana, diretor de Desenvolvimento de Negócios de Metais Básicos Atlântico Sul da companhia, durante seminário sobre minerais estratégico para transição energética, promovido pelo Ministério de Minas e Energia, que reuniu em Brasília especialistas e representantes do setor público e privado.
O executivo falou sobre o estágio atual da produção de níquel e cobre da mineradora e detalhou os planos de expansão. Ele explicou que a Vale Metais básicos foi criada com foco em ESG para destravar o valor de materiais de transição energética dentro da Vale, que é reconhecidamente historicamente pela produção de minério de ferro, dado o portfólio robusto desses ativos que a empresa dispõe, visando a aplicações verdes e energias limpas, incluindo os veículos elétricos.
“A Vale Metais Básicos é o produtor líder de metais básicos em jurisdições atrativas, do ponto de vista de uma legislação ambiental, uma constituição mineral bem definida, como o Brasil, Canadá e Indonésia, com recursos minerais amplos e inexplorados para crescimento orgânico estruturado”, disse Santana, destacando que as operações no Brasil estão concentradas no sudeste do Pará, onde a companhia possui três grandes operações – Salobo, Sossego e Onça Puma, com pipeline de expansão.
Produção de cobre focada no Brasil
Com reservas de classe mundial, Salobo é a maior mina de cobre da Vale no Brasil, uma das maiores da América Latina, localizada entre Parauapebas e Marabá, descoberta em 1974, mas que teve sua implantação iniciada somente em 2007, com produção comercial a partir de 2012. A instalação industrial conta com duas linhas de beneficiamento, Salobo 1 e 2.
Para expandir a produção, a Vale implementou Salobo 3, que custou cerca de R$ 6 bilhões e contou com cerca de 7 mil pessoas trabalhando durante a implantação do empreendimento. “As reservas hoje são na ordem de 1 bilhão de toneladas a 0,62% de cobre, o que confere Salobo uma vida útil até 2060,” disse Santana, acrescentando que, o ramp-up do Salobo III deve ser concluído até meados deste ano.
“Salobo 3 vai adicionar ao complexo Salobo a produção adicional entre 40 e 50 mil toneladas de cobre por ano, com capacidade de 12 milhões de toneladas de processamento.”
A primeira operação de cobre da Vale no mundo, Sossego teve sua operação iniciada em 2004, com um tempo de vida útil de 20 a 25 anos, ou seja, ela está se exaurindo nesse momento. Mas próximo a Sossego há um complexo de depósitos, que a Vale chama de Hub Sul que estenderá a vida útil desse complexo minerador. Sossego produz hoje entre 70 a 80 mil toneladas de cobre por ano, e fica próximo ao município de Canaã dos Carajás.
“Tivemos uma grande parada em 2022, para manutenção nos principais sistemas de moagem da planta. Ficamos aproximadamente cinco meses em manutenção, retomamos em 2023 e neste ano temos expectativa de produzir algo próximo a 74 mil toneladas, estabilizando em 80 mil toneladas nos próximos anos, incluindo a entrada de novos depósitos minerais, o primeiro em 2026, disse o diretor da Vale. Com entrada dos novos depósitos do Hub Sul, a mineradora espera estender a vida útil do complexo minerador para além de 2050.
Sobre a suspensão Licença de Operação da mina pela Secretária de Meio Ambiente do Pará, Santana comentou que não vai afetar a produção, porque a já havia sido programada uma parada técnica. “A gente não espera nenhum impacto significativo. Sossego vai entrar numa grande manutenção agora em março. É um momento propício de forma com que nós possamos discutir junto a Secretaria de Estado de Meio Ambiente os fatos a respeito desse processo e estabelecer – operação – o mais rápido possível, ainda dentro dessa janela de manutenção,” disse.
Planos de expansão da Vale
O plano da Vale é expandir sua produção de cobra para algo entre 210 a 230 mil toneladas nos próximos anos e avaliando futuras expansões do projeto, à medida que a demanda por aplicações do metal em energias limpas para transição energética forem aumentando. No cenário Global, a Vale quer focar sua produção de níquel no Brasil. Das 300 mil toneladas projetadas para 2023, cerca de 247 mil vieram do país, nas operações de Salobo e Sossego.
“Temos uma perspectiva de produção entre 390 e 420 mil toneladas de cobre no médio prazo, oriunda do conceito de hubs em Carajás, além do Hub Sul, no Sossego, nós temos outro próximo a Salobo, que nós denominados de Hub Norte, que de forma combinada, no conceito de uma infraestrutura compartilhada, poderão produzir entre 100 a 200 mil toneladas de cobre por ano, em adição à produção existente. Temos também um projeto do lado chamado Alemão, dentro da Floresta Nacional de Carajás, que é uma mina underground, que vai adicionar aproximadamente de 65 a 70 mil toneladas de cobre por ano. E no longo prazo, almejamos a produção de até 900 mil toneladas de cobre por ano,” disse Santana.
Com essa produção a Vale se posiciona entre os 5 principais produtores de cobre no mundo, a partir da entrada de outros projetos no Brasil e na Indonésia, destacou o executivo.
Logística de transporte gera vantagem competitiva
A produção de cobre de Salobo e Sossego são escoadas pela estrada de ferro Carajás até o porto em São Luís. E a produção de níquel de Onça Puma é escoada no porto de Barcarena, com uma logística rodoviária.
“Essa infraestrutura, numa região polimetálica como Carajás, é o que gera uma vantagem competitiva muito grande para a Vale, em relação aos players mundiais, no sentido de permitir, uma maximização de margem e um contexto de produção significativa para posicionamento no mercado mundial”, explicou Santana.
Expansão da produção de Níquel em Onça Puma
Também é a primeira operação de níquel da Vale do Brasil, Onça Puma, fica em Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará, e iniciou em 2011 suas operações, com capacidade de produção em torno de 25 mil toneladas de níquel por ano.
“Nós temos uma expansão de Onça Puma com a construção de um novo forno elétrico de 85 mega para expandir a produção. O projeto está em implantação, com orçamento estimado em quase R$ 2.8 bilhões. É um projeto que deve adicionar mais 15 mil toneladas de produção de níquel, contido em ferro níquel a partir do segundo semestre de 2025”, explicou Santana.
Ele destacou que no plano de produção de Onça Puma, foram 23 mil toneladas em 2022, em 2023 e 2024, está sendo feita uma reforma programada do forno existente também de 85 mega, com troca de refratários, aboba e soleira do forno. “Por isso que a produção está em índice de 18 a 17 mil toneladas.
Ficamos o último trimestre de 2023 em manutenção, bem como nesse primeiro trimestre agora estamos em manutenção no forno existente. Vamos retomar agora a partir de março. E a partir do primeiro semestre de 2025 vamos iniciar o ramp up do segundo forno, conferindo a Onça Puma uma produção de até 40 mil toneladas”, disse o diretor da Vale.
Com Onça Puma, a Vale passará a ser o maior produtor de níquel no Brasil e um dos três maiores no mundo. Em2023, a Vale Metais Básicos produziu 165 mil toneladas, dos quais 17 mil no Brasil.
Temos uma ambição em relação a níquel, no médio prazo de produzir entre 230 e 245 mil toneladas, incluindo a expansão de Onça Puma para 40 mil toneladas de níquel, além da exposição ou da parceria de algumas joint ventures e outras jurisdições, como por exemplo a Indonésia.
E no longo prazo, temos aspirações de produções de até 300 mil toneladas, com o desenvolvimento de vários projetos no Canadá e, por que não, também no Brasil, em áreas adjacentes à operação de Onça Puma”, contou Santana.