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Por Ricardo Lima
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, afirmou neste mês haver uma “nova energia” na relação de Nova Délhi com a América Latina, impulsionada pela busca por minerais essenciais à meta de zerar emissões líquidas de carbono até 2070. Segundo reportagem publicada pelo Financial Times, a região concentra as maiores reservas de lítio do mundo, especialmente no chamado “triângulo do lítio” — formado por Argentina, Bolívia e Chile — e tornou-se alvo de intensa diplomacia indiana.
Em setembro, Modi recebeu o presidente chileno Gabriel Boric para tratar do fornecimento de longo prazo de minerais estratégicos. Durante a visita, a estatal chilena Codelco firmou acordos com a Hindustan Copper e com o grupo Adani, ligado ao governo indiano. “Há urgência. A Índia tem grande apetite por cobre, somos o par ideal”, declarou Máximo Pacheco, presidente da Codelco. Ele também antecipou que o país em breve será um grande comprador de lítio chileno.
Avanços diplomáticos e acordos comerciais
Nos últimos anos, a Índia inaugurou novas embaixadas na América Latina — incluindo na Bolívia — e sediou em setembro um encontro empresarial com países da região voltado à exploração de minerais. Em 2023, firmou um acordo considerado histórico com a província argentina de Catamarca para explorar cinco blocos de lítio.
Segundo Periasamy Kumaran, do Ministério das Relações Exteriores indiano, minerais críticos são “peças-chave” para a transição energética. A Índia espera eletrificar 30% de sua frota de veículos até 2030 e se tornar um elo estratégico nas cadeias globais de suprimento de baterias. “A Índia não pode competir com a China, mas precisa buscar fora os recursos para sustentar sua população de 1,4 bilhão”, afirmou Manjeet Kripalani, diretora do think tank Gateway House.
Também em março, o chanceler indiano Subrahmanyam Jaishankar se reuniu com a ministra boliviana Celinda Sosa para tratar do setor de baterias de íon-lítio. Embora o país tenha descoberto lítio recentemente em Jammu e Caxemira e no estado de Chhattisgarh, além de pequenas reservas de cobre, a dependência de importações segue alta. A corrida por minerais virou, segundo um diplomata sul-americano, “quase uma obsessão” para Nova Délhi.