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Por Ricardo Lima
Com o tema “Minerais estratégicos: quais os desafios para o país?”, o primeiro dos painéis da CBTalks que discutem os desafios da agenda de minerais estratégicos para o Brasil, promovido pelo Correio Braziliense e pelo Instituto Escolhas, reuniu representantes do setor público, da iniciativa privada e da sociedade civil para discutir o futuro da mineração brasileira. A roda de conversa foi mediada por Carmen Souza, editora de Opinião, e Carlos Alexandre de Souza, editor de Política e Economia do jornal.
Fernando Azevedo, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), destacou a posição privilegiada do país: “O subsolo brasileiro é uma tabela periódica”, afirmou. Segundo ele, o Brasil possui reservas de todos os minerais necessários para a transição energética e atualmente conta com 50 projetos de pesquisa e extração em andamento. Para Azevedo, o país se destaca como o lugar ideal para integrar esses minerais às cadeias globais de valor, mas isso exige avanços em diálogo e governança. “O relacionamento entre empresas e sociedade tem evoluído”, reconheceu, ao defender um ambiente mais colaborativo.
A atuação institucional do Ibram, segundo ele, também busca melhorar a imagem do setor e superar a desconfiança histórica. O vice-presidente ressaltou ainda a importância de garantir segurança jurídica e atratividade para o investimento estrangeiro, metas que passam por regulação eficiente e fortalecimento da pesquisa nacional.
Política de Estado e sustentabilidade como pilares
O deputado federal Zé Silva, presidente da Frente Parlamentar da Mineração na Câmara, enfatizou que a construção de uma agenda de minerais estratégicos deve estar acima de disputas ideológicas. “O Brasil precisa discutir pautas de Estado, independentemente de interesses ideológicos ou partidários”, afirmou. O parlamentar defendeu a criação de uma Política Nacional de Minerais Estratégicos, a redução da dependência de fertilizantes e o incentivo à pesquisa mineral, com foco em elementos como as terras raras.
Silva também apontou a necessidade de ampliar o financiamento da pesquisa e destacou a criação de um comitê nacional para tratar dos minerais críticos e estratégicos como um passo relevante. “O principal gargalo está no financiamento. O Brasil precisa investir mais em conhecimento geológico e pesquisa de base”, alertou.
Larissa Rodrigues, diretora de pesquisa do Instituto Escolhas, trouxe à tona o debate sobre sustentabilidade. “Além dos minerais críticos, outro tema mundial é a responsabilidade ambiental”, destacou. Para ela, é possível conciliar viabilidade econômica, proteção ambiental e justiça social, desde que haja regulação robusta e diálogo transparente. Rodrigues defendeu um licenciamento ambiental forte como ferramenta para reduzir conflitos e garantir segurança jurídica. “É muito difícil resolver situações onde todos acreditam ter razão: ambientalistas, comunidades e empresas. A regulação é o caminho para o equilíbrio”, acrescentou.
Já Ricardo Sennes, diretor executivo da Prospectiva Public Affairs, chamou atenção para os entraves estruturais que ainda dificultam o avanço do setor. “Qualquer setor precisa de um marco regulatório sólido”, defendeu. Segundo ele, a inovação na mineração envolve alto grau de incerteza e exige mecanismos como acordos de transferência tecnológica, infraestrutura de transporte e ambiente institucional confiável. Apesar dos desafios, Senes vê espaço para avanços: “O setor ainda carrega uma imagem negativa, o que freia o diálogo, mas há espaço para soluções se houver articulação entre os atores”.