Por Ricardo Lima
A sustentabilidade na cadeia da mineração brasileira, foi debatida por especialistas na Conferência Internacional sobre Cadeia de Valores de Minerais Estratégicos para a Transição Energética e Descarbonização, organizada pelo BNDES, onde empresas do setor e instituições financeiras discutiram como o Brasil pode se tornar um líder global na mineração de minerais essenciais para a transição energética. Rinaldo Mancin, diretor de Relações do IBRAM, destacou que a mineração, antes com uma reputação questionada, agora é protagonista da solução para os desafios energéticos globais. “Todos querem energia limpa e renovável, mas ela não surge sem o papel vital da mineração”, afirmou Mancin. Ele ressaltou a importância dos minerais como lítio, níquel e cobalto para para descarbonização.
Geologia, Desafios e Mercado
Rafael Benke, CEO da Proactiva Results, afirmou que a mineração está vivendo um momento diferente do padrão, com o foco mundial nos minerais necessários para a transição energética. “Vivemos um novo superciclo mineral, impulsionado pela necessidade de segurança energética e pela busca por fontes de energia limpa”, destacou Benke. Ele destacou que a geologia determina onde estão as jazidas, muitas delas em áreas ecologicamente sensíveis. Mancin acrescentou que, enquanto o Brasil expande suas reservas minerais, é vital garantir práticas de mineração responsáveis e sustentáveis para manter sua competitividade no mercado global.
Licenciamento, Inovação e Transparência
Andrea Vulcanis, secretária de Meio Ambiente de Goiás, apresentou melhorias no processo de licenciamento ambiental do estado, que agora permite a aprovação de projetos mais rapidez.. Ela explicou que a digitalização e os critérios técnicos bem definidos agilizaram os trâmites. “O empreendedor já sabe de antemão o que será exigido”, afirmou Vulcanis. Mancin elogiou o estado de Goiás, chamando-o de “protagonista surpreendente” na modernização do licenciamento, com qualidade e a responsabilidade ambiental. Rafael Benke, disse que ‘Fast track’ não pode ser confundido com ‘ free pass’, destacou.
Investimentos, Sustentabilidade e Parcerias
A gestão eficiente da informação e a transparência foram abordadas no painel. Mancin mencionou um estudo do IBRAM que revelou que a falta de dados claros nos processos de licenciamento gera longos períodos de tramitação. Ele comparou a situação do Brasil com a Austrália, onde a digitalização dos processos e a transparência contribuem para uma mineração mais eficiente. No Pará, o secretário Rodolfo Zahluth Bastos destacou que, após reformulações administrativas, o número de processos para receber licenciamento chegou a 75%, criando um ambiente mais previsível para investimentos.
Rafael Benke ressaltou que a obtenção de uma licença ambiental não garante o financiamento de projetos minerais. “O projeto pode ser licenciado, mas será rejeitado por investidores e clientes se não atender aos padrões exigidos pela comunidade internacional”, afirmou. Ele defendeu a adoção de padrões como o TSM (Towards Sustainable Mining), adotado no Canadá, para garantir a competitividade do Brasil. Mancin completou, afirmando que o ESG (práticas socioambientais com padrões), deve ser visto como um compromisso do setor, não apenas uma exigência externa. “A mineração sustentável é o produto que o Brasil precisa entregar ao mundo”, ele concluiu.
Brasil: Competitividade e Futuro
A governança foi discutida como um fator crucial para atrair investimentos para o setor. Mancin enfatizou que a transparência e a adoção de boas práticas são essenciais para a confiança dos investidores. “Para atrair investimentos, o Brasil precisa garantir que as práticas de mineração atendam aos mais altos padrões ambientais e sociais”, disse Mancin. Ele também ressaltou a importância de parcerias eficazes entre o setor público e privado para garantir que os projetos de mineração beneficiem tanto a economia quanto as comunidades locais.
Para finalizar, Mancin afirmou que o Brasil tem uma oportunidade única de se tornar um líder global na cadeia de valor dos minerais estratégicos. “O Brasil possui vastas reservas de minerais essenciais para a transição energética”, afirmou, destacando que o país precisa adotar práticas mais sustentáveis e tecnológicas para atender à crescente demanda internacional. Mancin e Benke concordaram que o Brasil deve posicionar-se como um fornecedor confiável desses minerais, desde que combine eficiência, sustentabilidade e inovação no setor de mineração.