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Por Ricardo Lima
A Eletrobras anunciou nesta quarta-feira (15) a venda integral de sua participação na Eletronuclear para a Âmbar Energia, empresa do Grupo J&F, dos empresários Joesley e Wesley Batista. O acordo, avaliado em R$ 535 milhões, inclui a transferência de garantias e obrigações financeiras assumidas pela Eletrobras junto à União, no valor de R$ 2,4 bilhões.
Com a aquisição, a Âmbar passa a deter 68% do capital total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear, responsável pela operação das usinas de Angra 1, 2 e 3, no Rio de Janeiro. O governo, por meio da estatal ENBPar, seguirá como controlador majoritário.
Governo mantém controle das usinas de Angra
Apesar da venda, o controle das usinas nucleares brasileiras permanece nas mãos do governo federal, que mantém 64,7% do capital votante e 32% do total da Eletronuclear. A estatal administra o Complexo Nuclear de Angra dos Reis, composto pelas usinas Angra 1 e Angra 2, em operação, e pelo projeto Angra 3, cuja construção está paralisada há quatro décadas.
As três unidades têm potencial de geração de até 3.400 megawatts (MW), energia suficiente para abastecer mais de 10 milhões de pessoas. A conclusão de Angra 3 ainda é tema de debate dentro do governo, que avalia a viabilidade econômica e técnica do empreendimento.
Grupo J&F aposta em energia limpa e diversificação
A Âmbar Energia, braço energético do Grupo J&F, atua na geração, distribuição e comercialização de energia a partir de fontes como solar, hidrelétrica, biomassa, biogás e gás natural. Com 39 usinas em operação, a companhia amplia sua presença no setor com a entrada na área nuclear.
O presidente da Âmbar, Marcelo Zanatta, afirmou que a decisão reflete a busca por estabilidade e sustentabilidade em um cenário global de transição energética.
“A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões de gases do efeito estufa, características fundamentais em um momento de descarbonização e de crescente demanda por eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização da economia”, disse Zanatta.
Ele acrescentou que o investimento na Eletronuclear reforça a estratégia de diversificação do grupo.
“Com esta aquisição, consolidamos o portfólio mais diversificado do setor elétrico brasileiro, combinando diferentes fontes para garantir segurança energética, sustentabilidade e competitividade”, completou o executivo.
A Eletrobras, privatizada em 2022, vinha negociando a venda de sua fatia na Eletronuclear desde 2023, com assessoria do banco BTG Pactual. A companhia informou que a transação está alinhada ao seu plano estratégico de otimização de portfólio e foco na geração de valor.