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por Fernando Moreira de Souza
Reportagem de Stella Fontes e Robson Rodrigues, no Valor Econômico, informa que a mineradora Bamin (Bahia Mineração), controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG), atraiu o interesse da Brazil Iron. Segundo fontes do setor, a companhia britânica iniciou contatos para uma eventual aquisição, estando as negociações ainda em fase inicial com o acionista controlador.
O ERG, com sede em Luxemburgo e entre cujos principais acionistas está a República do Cazaquistão, assumiu a Bamin em 2010 e vem buscando compradores para o ativo há alguns anos. Um grupo chinês chegou a negociar a aquisição, mas as tratativas não avançaram.
A viabilidade do projeto depende de investimentos que variam entre US$ 3,5 bilhões e US$ 5 bilhões, necessários para infraestrutura e operação. Além disso, o valor de venda da mineradora é estimado em pouco mais de US$ 1 bilhão. Uma das principais dificuldades para o desfecho do negócio é a necessidade de licenças ambientais e a expansão logística para escoamento do minério.
Atualmente, a Bamin opera com capacidade reduzida, extraindo cerca de 1 milhão de toneladas anuais, embora a projeção seja atingir 26 milhões de toneladas por ano até 2026. A infraestrutura logística limitada tem sido um entrave, conforme destacou uma fonte do setor, sob anonimato.
Os ativos da Bamin incluem a mina Pedra de Ferro, localizada em Caetité (BA), um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul, em Ilhéus (BA), compondo um complexo integrado que facilita a exportação do minério.
Movimentação do mercado e perspectivas
A Brazil Iron, empresa privada sediada no Reino Unido, desenvolve um projeto de mineração de ferro na Chapada Diamantina, abrangendo os municípios de Piatã, Abaíra e Jussiape, na Bahia. O projeto, estimado em US$ 5 bilhões, inclui infraestrutura ferroviária e plantas siderúrgicas para a produção de ferro briquetado a quente (HBI), um insumo essencial para o aço “verde”.
Fontes do setor afirmam que os empreendimentos da Bamin e da Brazil Iron são complementares, dada a proximidade de menos de 300 quilômetros em linha reta e o compartilhamento da infraestrutura ferroviária. Além disso, ambos possuem minério de alta qualidade.
No início de dezembro, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, mencionou a Bamin como um dos ativos em avaliação pela mineradora. A aquisição poderia ocorrer por meio de um consórcio liderado pela Vale, com a participação da BNDESPar, braço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entretanto, segundo fontes do setor, as negociações esfriaram, apesar do interesse do governo brasileiro.
Procuradas, a Vale não comentou o assunto. A Brazil Iron declarou que não se manifesta sobre rumores de mercado. Em nota, a Bamin afirmou que o interesse por seus ativos é natural, dado o número reduzido de projetos voltados para a produção de concentrados “high premium”, mas evitou especular sobre potenciais compradores.