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por Fernando Moreira de Souza
Reportagem de Leonardo Morais, no Diário do Comércio, informa que os desafios enfrentados pela indústria mineradora no Brasil, como burocracia excessiva e altos custos de produção, representam um entrave significativo ao desenvolvimento do setor. De acordo com o estudo “Top 10 Riscos e Oportunidades para a Mineração”, elaborado pela consultoria EY, esses fatores dificultam novos investimentos e reduzem a competitividade do país em relação a outras nações mineradoras.
A pesquisa aponta que o Brasil leva, em média, três anos a mais do que outros países para desenvolver um ativo minerário. A demora está associada ao tempo prolongado para aprovação de projetos e à escassez de opções de financiamento. Enquanto países como Canadá, Chile e Austrália contam com diversas alternativas de crédito, o mercado brasileiro ainda depende majoritariamente de grandes empresas e capital estrangeiro. Para mitigar esse problema, o governo tem buscado fortalecer o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com fundos específicos para projetos de menor porte.
Apesar das dificuldades, o Brasil mantém vantagem competitiva devido à abundância de recursos naturais. O país possui depósitos menos explorados do que algumas nações concorrentes, como Austrália e Chile. Segundo Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY, os teores de ferro encontrados no Pará e em Minas Gerais são superiores aos observados na Austrália. Além disso, enquanto as reservas chilenas de cobre estão concentradas em áreas altamente processadas, as brasileiras ainda oferecem grande potencial de expansão.
Outro fator estratégico para o setor é a diversificação mineral. Diferentemente de outros países, o Brasil não se restringe a poucas commodities. Além do minério de ferro, investimentos têm sido direcionados para ouro, níquel, lítio, manganês e bauxita, ampliando as oportunidades de mercado.
No entanto, a falta de um mapeamento geológico abrangente limita o aproveitamento desse potencial. Atualmente, apenas 25% do território nacional está devidamente mapeado, enquanto em outras nações mineradoras esse índice chega a 50%. Especialistas defendem a ampliação dos investimentos nessa etapa para facilitar a identificação de novas oportunidades.
Sustentabilidade como diferencial estratégico
A mineração sustentável tem se consolidado como um fator competitivo relevante. O estudo da EY destaca iniciativas voltadas para a reutilização de rejeitos e o uso de energia renovável como diferenciais de mercado. Projetos inovadores vêm transformando resíduos em insumos para a construção civil, enquanto indústrias como a de alumínio já alcançam altos níveis de circularidade, gerando receita adicional.
Além das questões ambientais, desafios externos também impactam o setor. Recentemente, sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos afetaram produtos originados de diversas indústrias. O anúncio de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, por exemplo, gera incertezas para exportadores brasileiros. Sartorio ressalta a importância do diálogo entre os governos, uma vez que os Estados Unidos não são autossuficientes na produção desses insumos e dependem das importações para o desenvolvimento de sua infraestrutura.
Para o futuro, a demanda por minerais deve crescer, impulsionada tanto pelo avanço de países em desenvolvimento quanto pela transição energética global. Segundo Sartorio, a capacidade de antecipar variações de mercado e adaptar estratégias será essencial para que as empresas se mantenham competitivas. “A volatilidade de preços e demanda exige análise constante. Quem souber interpretar esses sinais terá vantagem no setor”, conclui o especialista.