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Por Ricardo Lima
A australiana Viridis pretende iniciar em 2028 a produção do projeto de terras raras Colossus, em Poços de Caldas (MG). Com um investimento previsto de cerca de US$ 400 milhões, a companhia busca consolidar o Brasil como um novo polo estratégico da cadeia global de suprimentos de minerais críticos, usados em tecnologias como motores elétricos e turbinas eólicas.
Segundo o chefe de operações da empresa no Brasil, Klaus Petersen, , entrevistado pela plataforma Bnamericas, o projeto entra em fase final de estudos e negociações de financiamento com bancos internacionais, enquanto o país ainda enfrenta o desafio de desenvolver capacidade industrial para o processamento de terras raras.
Petersen afirmou que a Viridis completou dois anos de atuação no Brasil e encerrou o período de pesquisa mineral. O depósito de Poços de Caldas já conta com um recurso medido entre 400 e 500 milhões de toneladas, com teor médio de 2,5 quilos de terras raras por tonelada.
“A produção está planejada para 2028. O estudo definitivo deve ser concluído até meados do próximo ano, permitindo o início das obras”, afirmou o executivo. Ele explicou que o projeto aguarda a licença ambiental prévia e a conclusão do estudo de viabilidade definitiva (DFS), que embasará a decisão final de construção. A empresa também negocia contratos de offtake — acordos de venda antecipada — com potenciais compradores da Europa e da Ásia, além de buscar parceiros financeiros.
Ele acrescentou que o Ocidente está disposto a financiar a expansão de novas minas fora da China, mesmo com custos mais altos, e enfatizou o diferencial ambiental da operação brasileira.
“Vale dizer também que o Brasil tem uma vantagem importante no desenvolvimento do setor de terras raras. Nossa mina será quase totalmente elétrica, oferecendo um produto sustentável, de baixa pegada ambiental.”
Klaus Petersen – Viridis Mining
De acordo com Petersen, o investimento total do projeto está estimado em US$ 400 milhões, com recursos já assegurados para a implantação de plantas-piloto e a finalização dos estudos até 2026.
“Temos capacidade financeira garantida até meados do próximo ano para a construção das plantas-piloto e conclusão dos estudos de viabilidade”, disse. O financiamento será estruturado em modelo híbrido, combinando capital próprio e dívida, com o apoio de bancos de desenvolvimento como o KfW, da Alemanha, e o BPI, da França.
Desafios e potencial do Brasil na cadeia global
Petersen reconheceu que o país ainda não possui capacidade industrial para processar terras raras, mas afirmou que a Viridis participa do projeto MAGBRAS, que busca integrar toda a cadeia produtiva, da mineração à fabricação de ímãs permanentes.
“Estamos envolvidos no projeto chamado MAGBRAS, que busca desenvolver a cadeia da mina ao ímã no Brasil”, afirmou. Segundo ele, mais de 80% do consumo mundial de terras raras está ligado à produção de ímãs, e a empresa planeja instalar uma planta-piloto de reciclagem até o final de 2026, voltada à recuperação de óxidos de terras raras a partir de ímãs descartados.
O executivo ressaltou que o principal desafio para o país é financeiro e depende de incentivos governamentais para viabilizar a industrialização do setor.
“O governo brasileiro precisa agir rapidamente, pois tudo está evoluindo muito rápido no segmento de terras raras”, alertou Petersen.
Ele comparou a situação à da indústria siderúrgica, em que o Brasil é grande exportador de minério, mas tem produção limitada de aço.
Sobre o potencial nacional, Petersen afirmou que rivalizar com a China ainda é improvável, já que o país asiático responde por 90% da produção global de ímãs e 70% da mineração. “Nosso objetivo enquanto empresa operando no Brasil é oferecer uma alternativa segura. Nossa mina deve responder por cerca de 7% das terras raras magnéticas do mundo”, destacou.
Petersen concluiu dizendo que, embora mais empresas estejam entrando no setor, poucas devem alcançar viabilidade econômica a longo prazo. “Ainda novas empresas surgirão no setor de terras raras no Brasil, mas poucas conseguirão provar viabilidade econômica no médio e longo prazo”, avaliou.















