O superávit da balança comercial brasileira alcançou US$ 5,4 bilhões em fevereiro, registrando um recorde para o mês dentro da série histórica da pesquisa. Esse resultado foi impulsionado principalmente pelas remessas de minério de ferro, petróleo e soja, com destaque para as exportações para a China, que aumentaram 49,1% no primeiro bimestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023.
De acordo com o Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), as trocas comerciais com a China responderam por 43% do superávit de US$ 11,9 bilhões registrado pela balança comercial brasileira no primeiro bimestre deste ano. Esses dados evidenciam a dependência nacional das compras chinesas, bem como a concentração das exportações brasileiras em commodities.
A participação da China nas exportações brasileiras no primeiro bimestre foi de 29,1%, com um aumento em valor de 47%. Isso resultou em um saldo de US$ 5,2 bilhões, representando 43% do superávit total do Brasil.
O relatório do Icomex aponta duas questões cruciais para a balança brasileira. Primeiramente, há preocupações com o crescimento da China, que pode ficar aquém dos 5% projetados pelo governo chinês, afetando assim as exportações brasileiras. Em segundo lugar, destaca-se a concentração das exportações em commodities e no mercado chinês, ressaltando a necessidade de diversificação.
Enquanto as exportações para os Estados Unidos cresceram 21,5% no primeiro bimestre, as vendas para a União Europeia recuaram 3,7%, e para a Argentina despencaram 28,7%. Essa queda nas exportações para a Argentina, principalmente no setor automotivo, impactou negativamente o desempenho da indústria brasileira no comércio exterior.
Apesar do aumento das exportações em volume, os preços diminuíram, resultando em uma queda de 2,3% para as exportações e 9,2% para as importações. No entanto, o volume importado pela indústria de transformação registrou um aumento significativo, indicando investimentos na produção e sugerindo um crescimento do nível de atividade econômica.
Diante desses dados, o debate sobre políticas comerciais e medidas de proteção ganha relevância, especialmente em relação à concorrência chinesa e à defesa da produção doméstica.