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Por Ricardo Lima
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgou os primeiros resultados do Projeto Ouro Brasil, estudo que mapeia e analisa de forma detalhada as ocorrências de ouro no território nacional. Os dados iniciais, publicados no Journal of South American Earth Sciences, apresentam parâmetros morfométricos e microquímicos obtidos ao longo de quatro anos de pesquisa.
A iniciativa busca criar um banco de dados nacional que auxilie no entendimento metalogenético das principais províncias e distritos auríferos do Brasil, além de fortalecer a rastreabilidade do minério e promover o uso sustentável das riquezas naturais.
Estudos no Quadrilátero Ferrífero
As primeiras análises foram realizadas em uma área-piloto ao sul do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. A região, conhecida pela histórica produção de ouro desde o século 18, é considerada uma área de exploração inicial para a mineração industrial, apesar de já ter sido alvo de diversas campanhas modernas de prospecção.

Imagem: SGB / Divulgação.
Mesmo com localização estratégica e relevância histórica, ainda havia carência de dados sobre os estilos e controles da mineralização aurífera associados à Zona de Cisalhamento Congonhas-Itaverava. Segundo Cassiano Castro, pesquisador do SGB, “este trabalho é fundamental, pois apresenta dados novos e robustos sobre o ouro aluvionar da Zona de Cisalhamento Congonhas-Itaverava, contribuindo para preencher uma lacuna significativa no conhecimento geocientífico dessa região”. Confira o artigo aqui.
Além de Minas Gerais, o projeto conta com áreas-piloto no Rio Madeira (Rondônia), Sudeste do Tapajós (Pará) e oeste de Pernambuco. A metodologia desenvolvida será aplicada em outras regiões auríferas do país. O acervo do SGB já possui cerca de 30 mil partículas de ouro, e a expectativa é que as análises no restante do território nacional comecem a partir do próximo ano.
Parceria com a Polícia Federal
Em 2024, o SGB firmou um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Polícia Federal para ampliar a rastreabilidade do ouro. Pelo acordo, os dados gerados pelo serviço passam a subsidiar diretamente investigações em áreas sob apuração.
“Dar visibilidade ao trabalho técnico do SGB é fundamental para destacar a relevância da pesquisa científica no setor mineral e seu papel na proteção dos nossos recursos”, destacou a equipe responsável pelo projeto.
Público-alvo
Voltado a especialistas, jornalistas e interessados em mineração responsável, o Projeto Ouro Brasil também investe em divulgação científica. Entre os materiais disponíveis está um episódio do programa Papo Geológico, que aborda as tecnologias e estratégias utilizadas na pesquisa do ouro no Brasil. Assista por aqui.