Nos próximos 18 meses mineradoras vão navegar em meio a um cenário de incerteza global dentro de um processo de busca por iniciativas de descarbonização das diferentes cadeias produtivas. Esse é um dos principais pontos indicados pelo relatório anual “Tracking the Trends 2024”, elaborado pela Deloitte, que mostra as tendências e pontos relevantes para o setor.
O documento aponta ainda que repensar a regulamentação passa a ser fundamental em meio ao desenvolvimento de tecnologias – inclusive com uso de inteligência artificial – que vão mudar a forma de treinamento e uso da mão de obra, dentro de uma estratégia na qual o “propósito” da mineração deverá estar no centro decisões.
A Deloitte destaca que o setor demorou a “entender” a importância do propósito para a imagem do negócio. Com o avanço das pautas ligadas a meio ambiente, segurança e governança nos diferentes segmentos econômicos, as mineradoras começaram a se dar conta de que precisavam avançar em um diálogo com comunidades, governos e a sociedade em geral. Mas o caminho para fazer isso em escala global em todos os níveis da mineração ainda é um caminho longo a ser percorrido, diz o estudo.
O impacto nas comunidades que tangenciam as operações e os efeitos da exploração de recursos devem servir de base para a criação de políticas internas que minimizem esses efeitos, avalia a Deloitte, destacando que o foco de tecnologia para uma visão “sem sonhos”, com “coisas muito mais palpáveis e realistas, no primeiro momento”, que permitiram eficiência em termos de custos.
Nesse sentido, alerta para a necessidade de um planejamento amplo e diz que as tecnologias implementadas “têm que andar juntas”. Ela cita como exemplo caminhões autônomos cujo sistema, em diversos casos, não conversa com o sistema de manutenção. “Falta visão de como as tecnologias vão caminhar juntas.”
Dois outros pontos nevrálgicos do relatório estão na mão de obra e na transição energética. O relatório diz que a disrupção tecnológica traz um desafio para a formação dos trabalhadores. “A mineração sempre teve dificuldade em atrair talentos. Com a automatização, acessa um escopo de talentos que jamais havia pensado em trabalhar em mineração.
Sobre transição energética, o documento é taxativo: “Não existe descarbonização da sociedade sem a mineração”, lembrando a produção de insumos como baterias, pás de geração eólica e painéis fotovoltaicos.
Nesse ponto, em termos de Brasil, destaca a necessidade de políticas públicas que permitam investimentos e financiamento em projetos que garantam o fornecimento de metais críticos. “A gente precisa consertar a mineração porque o futuro de baixo carbono depende dela.