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Por Redação
Brasília foi palco do encontro “Na linha de frente da implementação: soluções empresariais sustentáveis”, promovido pela Amcham Brasil, como evento Pré-COP 30, que marcou o lançamento da 5ª edição do Brasil Pelo Meio Ambiente, iniciativa criada em 2021 para identificar e dar visibilidade a projetos empresariais de sustentabilidade ambiental no país.
O encontro reuniu autoridades governamentais, enviados especiais da COP e executivos de grandes companhias — como Suzano, Mosaic, PLS, Natura e Neoenergia — o debate enfatizou que o desafio climático global deixou de ser uma pauta de compromisso futuro para se tornar uma agenda de implementação imediata, exigindo métricas claras, coerência entre discurso e prática, e projetos capazes de gerar resultados verificáveis.
“O setor empresarial brasileiro tem feito sua parte para o cumprimento de compromissos climáticos”, diz Fabrizio Panzini
A Amcham Brasil apresentou como o setor empresarial brasileiro já está fazendo a sua parte. Por meio da plataforma de soluções sustentáveis, a Amcham apresentou a consolidação de 316 projetos ambientais de 209 empresas em áreas como tratamento de resíduos, eficiência energética e preservação de florestas.
“O futuro não é prometer 2050, é demonstrar o agora”, diz Marcelo Behar
O enviado especial da COP30 para Bioeconomia, Marcelo Behar, destacou que o avanço real na corrida pela descarbonização virá das empresas que transformarem metas em trajetórias mensuráveis.
“O futuro não é dizer que seremos net zero em 2050, mas demonstrar, biênio a biênio, quanto e como estamos reduzindo agora. Cada novo projeto precisa representar um passo concreto de regeneração da natureza — e não repetir promessas distantes”, afirmou Behar.
Segundo ele, a COP30 será o palco para medir quem está realmente alinhado ao Global Stocktake e às NDCs, exigindo transparência, coerência e resultados progressivos.

Beto Veríssimo reforçou que o Brasil tem um papel central na agenda global de descarbonização.
“Floresta é infraestrutura. Natureza é economia”, diz Beto Veríssimo
O enviado especial da COP30 para Florestas, Beto Veríssimo, reforçou que o Brasil tem um papel central na agenda global de descarbonização, mas precisa eliminar de vez o desmatamento para consolidar sua credibilidade internacional.
“O Brasil só cumprirá suas metas climáticas se acabar com o desmatamento — uma atividade desnecessária para a economia, que alimenta o crime organizado e ameaça à segurança nacional. Natureza é economia. Floresta é infraestrutura”, afirmou.
Veríssimo lembrou que cerca de 90% do agro brasileiro depende das chuvas regulares e que a perda de cobertura florestal representa um risco direto à segurança energética e alimentar do país.
Setor privado defende integração de ecossistemas e ações mensuráveis
Paulo Dallari, diretor de Reputação da Natura, afirmou que a sustentabilidade precisa estar no centro do modelo de negócio, e não à margem.
“Não existe separação entre negócio e impacto socioambiental. Se estiver dissociado, é o primeiro a ser cortado em tempos de crise. O caminho é pensar em ecossistemas integrados — ambientais, sociais, econômicos e financeiros — que gerem valor e impacto positivo”, destacou.
Na mesma linha, Marina Grossi, presidente do CEBDS, ressaltou que o grande desafio é transformar compromissos climáticos em ações concretas e financiáveis.
“A pré-COP em Brasília vem justamente para alinhar iniciativas dispersas e construir uma plataforma de governança coesa. O setor privado tem papel essencial em mostrar que a transição já está em curso, com projetos reais, impactos mensuráveis e inovação”, disse.
PLS apresenta boas práticas em economia circular e diálogo social
Entre os cases empresariais apresentados, Marisa Cesar, diretora de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da PLS, destacou as práticas da companhia no Projeto Colina, em Minas Gerais.
“Nossa atuação combina tecnologia, impacto social e governança ambiental em uma estratégia integrada. Adotamos práticas de gestão hídrica adaptativa, tecnologias de baixo impacto e ações de economia circular, como a doação de área para construção de aterro sanitário e a desativação de lixões”, relatou.

Marisa acrescentou que a PLS também desenvolve programas de educação ambiental, letramento minerário, formação profissional e valorização cultural, fortalecendo capacidades locais e promovendo inclusão.
“Conduzimos uma consulta livre e prévia e informada voluntária junto à comunidade tradicional quilombola da região, reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, mas ainda sem território delimitado pelo Incra, garantindo diálogo transparente e participação social efetiva”, completou.

Secretária Júlia Cruz destacou que o grande desafio após a COP será transformar compromissos multilaterais em políticas públicas concretas.
“Compromissos precisam se transformar em políticas públicas“ diz Júlia Cruz, do MDIC
A secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Júlia Cruz, destacou que o grande desafio após a COP será transformar compromissos multilaterais em políticas públicas concretas.
“Estados, empresas e governos locais precisam transformar compromissos em ações efetivas, adotando novas práticas e visões sobre desenvolvimento. O futuro sustentável deve unir crescimento econômico, proteção ambiental e justiça social”, afirmou.
O evento Amcham Brasil, consolidou a percepção de que o Brasil está no centro da nova geopolítica do clima, combinando floresta, bioeconomia, agricultura sustentável e inovação empresarial. A missão, agora, é mostrar na COP30, em Belém, que o país é capaz de liderar pelo exemplo — com projetos, dados e resultados que comprovem sua vocação para uma economia de baixo carbono.