Comente, compartilhe e deixe sua opinião nos comentários! Sua participação é essencial para enriquecer o debate
Por Marcos André Gonçalves
Presidente do Conselho Superior ADIMB
Nos parágrafos a seguir busco fazer uma avaliação retrospectiva da ADIMB, entidade cofundadora do Invest Mining, sobre os temas tratados nesta segunda edição do evento, e qual o cenário que temos pela frente no Brasil. Cerca de um terço de nossas empresas associadas tem algum vínculo com pesquisa mineral de minerais críticos, em vários estágios de desenvolvimento, e interesse pelos temas tratados em São Paulo.
O Invest Mining Summit 2025 teve como tema central “A força da mineração na transição energética”. O objetivo foi posicionar a mineração brasileira não apenas como exportadora de commodities tradicionais, mas como peça-chave das cadeias de minerais críticos para a nova economia de baixo carbono.
Nesta segunda edição do evento testemunhamos a participação de autoridades governamentais, grandes e pequenas empresas mineradoras, instituições financeiras e fundos de investimento, com painéis dedicados a cadeias de minerais críticos, projetos estratégicos, financiamento, discussões por parte dos clientes industriais de produtos derivados das terras raras, sobretudo imãs, e soluções para implantação de empreendimentos.
Muito embora toda a temática de minerais críticos e estratégicos tenha dado novo impulso ao setor mineral, a geopolítica global atual tem suas consequências neste novo olhar e atenção que investidores de vários países dão ao Brasil. Vale ressaltar que os esforços de descarbonização e eletrificação da economia são pilares das mudanças tecnológicas em curso.
Sem dúvida a forte presença de profissionais do mercado financeiro cumpre um dos objetivos do Invest Mining desde o seu surgimento em 2022, que é aproximar o mercado financeiro, potencial fonte de recursos para financiar os desafios de adensamento produtivo da cadeia de minerais críticos, das empresas mineradoras atuantes no Brasil.
A proximidade entre setor financeiro e o setor mineral, de forma mais capilar e com maior grau de entendimento dos desafios enfrentados pelas pequenas e médias mineradoras, é um fator essencial tendo em vista que precisamos diante do potencial mineral do Brasil, oportunizar o financiamento, via equity, dívida, off-take, entre outros para esse grupo de empresas que não tem as mesmas possibilidades que as empresas maiores e operacionais. Projetos minerais, sobretudo aqueles ainda sem produção, exigem novas estruturas de financiamento, este seria o grande passo e algo que fará a diferença. Grandes mineradoras, com presença internacional, já têm acesso a toda a gama de opções de financiamento de projetos, capex e opex, ao contrário das empresas ainda em fase pré-operacional.
Ficou claro que um grande desafio a ser vencido é a obtenção de recursos financeiros para projetos em etapas iniciais, dada a falta de garantias reais. Ainda não conseguimos ter no Brasil opções que nos permitam disponibilizar recursos para os projetos greenfield.
Temos iniciativas alvissareiras, como a parceria entre a B3 e a ANM para agilizar os processos de leilões de áreas dentro da plataforma desenvolvida pela B3, o que consideramos uma iniciativa fundamental para destravar o estoque regulatório atual, e proporcionar de certa forma um atalho para criação de valor no país, quiçá com novas descobertas de jazidas.
O memorando de entendimentos assinado entre a B3 e a TSX abre novo flanco, visto que quiçá as duplas listagens possam trazer para o curto prazo uma possibilidade já exitosamente testada por algumas empresas com ativos no Brasil. Entendemos que ficou claro o engajamento em estruturar modelos de financiamento, listagem de empresas juniores e instrumentos para o setor mineral.
Contamos atualmente com outras duas inciativas em curso, a primeira é o fundo de investimentos em participações, elaborado pelo BNDES e Vale, com recursos da ordem de 5 bilhões de reais, e que já conta com um consórcio selecionado para ser o gestor deste novo fundo.
Também temos o recente edital para financiamento de projetos de minerais críticos, elaborado pelo BNDES e FINEP e com resultado das empresas e projetos escolhidos já publicado, e tratativas para avanço com a contratação dos produtos em curso com algumas empresas.
As discussões ocorridas durante o evento deixaram clara a boa receptividade das medidas acima. Há que se reconhecer a relevância que os minerais críticos trouxeram para a política mineral, e neste sentido há um claro reforço de políticas públicas e regulação capitaneadas pelo Ministério de Minas e Energia, através da Secretaria de Geologia Mineração e Transformação Mineral. Este trabalho parte da premissa de que temos gargalos regulatórios e de licenciamento, precisamos garantir a segurança jurídica e buscar soluções para a infraestrutura logística, que ainda são barreiras. Trata-se de uma sinalização importante para quem mobiliza confiança e capital.
Saímos desse segundo Invest Mining Summit com desafios de capilarizar o alcance do sistema financeiro no setor mineral. Temos pela frente desafios tecnológicos a superar,
O Invest Mining Summit 2025 confirmou que a mineração está numa nova fase no Brasil, marcada pela transição energética, por minerais críticos, por financiamento mais sofisticado e por maior atenção ao mercado de capitais e às cadeias de valor. Para os projetos que estão em estágio exploratório ou em pré-desenvolvimento, esse panorama traz oportunidades claras (capital, visibilidade, mercado global) quanto desafios concretos (regulação, governança, competitividade internacional, exigência de valor agregado). Em suma: o panorama é favorável, mas o “momento de execução” — ou seja, de estruturar bem o negócio, será cada vez mais exigente diante da crescente competição global e das assincronias das políticas comerciais que são desenhadas para o futuro próximo.
O estudo “Assimetria do Capital Mineral” elaborado pela consultoria Alvarez & Marsal exclusivamente para o Invest Mining, elencou de maneira clara todos os desafios e oportunidades, e deixou claro os desafios, para que no próximo encontro, possamos fazer o acerto de contas e avaliar em que avançamos e quais os próximos passos.
A ADIMB apoia essa iniciativa, e estará presente nas próximas etapas, juntamente com suas entidades parceiras, ABPM e IBRAM. O futuro é colaborativo, e o desafio importante é como aproveitar as oportunidades existentes dentro dessa lógica colaborativa, já adotada tão bem em outros grandes países mineradores.















