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Por Ricardo Lima
A Câmara de Comércio da União Europeia na China disse, na quarta-feira (17), que as empresas associadas buscaram sua ajuda com mais de 140 pedidos de licenças de exportação de terras raras desde que os controles chineses sobre exportações foram introduzidos em abril, dos quais apenas cerca de um quarto foram resolvidos. Devido aos entraves de exportação, a produção de algumas empresas europeias se encontra paralisada. Informações apuradas pelo Financial Times.
“Temos vários membros que estão sofrendo perdas significativas devido a esses gargalos”, disse Jens Eskelund, presidente da câmara. Os problemas diminuíram brevemente após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, visitarem Pequim em julho, onde se encontraram com o presidente chinês, Xi Jinping. No entanto, segundo Jens Eskelund, presidente da câmara da União Europeia, houve declínio nas relações. A China expandiu seus controles de exportação de minerais críticos, particularmente de terras raras médias e pesadas, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou pesadas tarifas em abril.
As restrições, juntamente com outros controles, como as exportações de germânio, um metal crucial para a indústria de defesa, também criaram uma crise de oferta além dos EUA, incluindo a Europa. Durante a cúpula de julho com Jinping, von der Leyen concordou em estabelecer um diálogo “aprimorado” sobre controles de exportação. O objetivo era aumentar a transparência e permitir que a UE mediasse caso empresas europeias enfrentassem atrasos no acesso a ímãs permanentes e terras raras. A Câmara de Comércio da UE lançou um documento de posicionamento anual sobre negócios com a China.
O documento de posicionamento listou um número recorde de recomendações de empresas europeias, principalmente pedindo que a China resolvesse as barreiras à entrada em seu mercado. Entre elas, a câmara pediu à China que abordasse os desequilíbrios estruturais de longa data entre demanda e oferta na economia. Com os formuladores de políticas em Pequim atualmente elaborando o próximo plano econômico do país — o 15º plano quinquenal — a câmara instou a China a incluir mais medidas para estimular o consumo.
“Embora o país seja responsável por cerca de 30% de todos os produtos manufaturados, sua participação no consumo global é de apenas 15%, o que é ainda menor do que sua participação de 18% no PIB mundial”, disse o documento, conforme revelado pelo Financial Times. O documento apontou a indústria médica chinesa como um exemplo de barreiras à entrada — uma investigação da Comissão Europeia em 2024 de 380.000 licitações do setor médico do governo chinês descobriu que 87% restringiam severamente as propostas de licitantes não chineses.
Eskelund alertou que as barreiras à entrada impostas pela China, somadas aos seus crescentes superávits comerciais, estavam agravando as tensões comerciais, com países ao redor do mundo tomando medidas contra as importações chinesas. “Para que o livre comércio faça sentido, é preciso haver uma distribuição mais equitativa desses benefícios”, disse ele.