A China Mineral Resources, criada ano passado para consolidar o domínio da potência asiática como maior compradora no mercado de minério de ferro, iniciou as negociações de fornecimento para o ano que vem com a Vale e as outras três gigantes do setor, segundo fontes.
Nas negociações — que incluem Rio Tinto, BHP e Fortescue Metals —, os chineses buscam termos preferenciais em transporte, qualidades e condições de entrega, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as conversas não são públicas.
A China importa três quartos do minério de ferro mundial para abastecer sua gigantesca indústria siderúrgica e há muito tempo procura melhorar sua posição nas negociações.
Os futuros de minério de ferro em Cingapura caíram cerca de 4% nesta semana e foram negociados perto de US$ 114 a tonelada nesta sexta-feira.
Várias grandes siderúrgicas — incluindo China Baowu Steel e Ansteel – delegaram para a China Mineral suas negociações de contratos de fornecimento de longo prazo com as quatro grandes mineradoras, disseram as fontes. Isso deve aumentar o poder de barganha dos chineses, mesmo que as usinas ainda sejam responsáveis pelas compras no mercado à vista.
A China Mineral também representa alguns pequenos e médios produtores de aço em parte de suas compras, disseram.
Não está claro se a estratégia de Pequim irá rapidamente alterar as estruturas de preços, mas pode ser a mudança mais importante no mercado de minério de ferro, que gira US$ 160 bilhões, desde a criação do mercado à vista, há pouco mais de uma década.
“Um cartel de compradores só vai quebrar a confiança e desencorajar expansões de capacidade”, disse Philip Kirchlechner, diretor da Iron Ore Research. As siderúrgicas, incluindo a Baowu, terão de acatar as instruções do governo, mas ainda é difícil impor “uma espécie de OPEP chinesa de compra”, disse ele.
A China Baowu, a Ansteel e o Comitê de Supervisão e Administração de Ativos Estatais, responsável pela China Mineral, não comentaram imediatamente. Esta semana inteira foi feriado na China.
Um porta-voz da Fortescue disse que a empresa não comenta sobre discussões confidenciais. BHP e Rio Tinto preferiram não comentar, enquanto a Vale disse que não poderia comentar imediatamente.
Fonte: Valor Econômico