por Fernando Moreira de Souza
Preocupação com a Medida Tarifária
A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) expressa apreensão quanto aos efeitos da nova tarifa anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que prevê um aumento de 25% sobre as importações de alumínio. Apesar do comunicado público ter sido feito na noite de segunda-feira (10/02), até o momento, o Decreto Executivo detalhando a aplicação dessas medidas ainda não foi disponibilizado no site oficial do governo norte-americano.
Incertezas sobre a Aplicação da Tarifa
Ainda não está definido se essa nova tarifa substituirá a já existente de 10%, prevista na Seção 232, ou se será adicionada a ela, resultando em um total de 35%. Além disso, conforme declarado pelo então Presidente Donald Trump, não serão concedidas isenções ou exceções a nenhum país desta vez.
Histórico das Tarifas e Impacto nas Exportações
Na imposição anterior da Seção 232, em 2018, os Estados Unidos estabeleceram taxas de 25% sobre o aço e 10% sobre alguns produtos de alumínio. No entanto, alguns países foram beneficiados com isenções completas (Canadá, México e Austrália) ou incluídos em acordos de cotas (Argentina, União Europeia e Reino Unido). Para o Brasil, os impactos imediatos serão sentidos principalmente nas exportações, tornando mais difícil a penetração dos produtos nacionais nesse mercado. Mesmo com a alta qualidade e sustentabilidade dos produtos brasileiros, a nova sobretaxa os tornará menos competitivos comercialmente.
Relevância do Mercado Americano para o Brasil
Embora a fatia brasileira nas importações de alumínio dos Estados Unidos seja inferior a 1%, esse país representa um parceiro comercial relevante, sendo responsável por 16,8% das exportações brasileiras do metal. Em 2024, esse comércio movimentou US$ 267 milhões, dentro de um total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor. No que diz respeito ao volume, 13,5% das exportações nacionais de alumínio (72,4 mil toneladas) tiveram como destino os EUA, sendo que 54,2 mil toneladas estavam sujeitas à Seção 232. Entre esses produtos, chapas e folhas de alumínio corresponderam a 76% do total.
Riscos de Concorrência Desleal e Reconfiguração do Mercado
Além das consequências para a balança comercial, há preocupação com os efeitos indiretos, como o aumento da exposição do Brasil à concorrência desleal e a desvio de comércio. Empresas que perderem acesso ao mercado americano buscarão alternativas, possivelmente inundando o mercado brasileiro com produtos a preços reduzidos. Ademais, a aplicação dessas novas tarifas pode resultar na elevação dos preços regionais, especialmente em locais dependentes de importações, alterando cadeias de suprimento e afetando fluxos comerciais tradicionais.
Necessidade de Estratégias para Proteção do Setor
Diante desse cenário desafiador, torna-se fundamental intensificar os debates sobre o fortalecimento dos mecanismos de defesa comercial e a revisão da política tarifária nacional. Essas medidas são essenciais para corrigir distorções no mercado e proteger a indústria local da concorrência predatória, bem como dos impactos advindos dessa nova dinâmica global.
Diálogo e Busca por Soluções
A complexidade dessa situação exige diálogo e sensibilidade na formulação de estratégias que mitiguem seus efeitos, garantindo o fornecimento contínuo de insumos estratégicos para a economia brasileira. A ABAL mantém contato com o governo brasileiro para compreender melhor as implicações da medida e buscar alternativas que minimizem seus impactos no curto e médio prazo, preservando a competitividade da indústria nacional do alumínio.
Fonte: ABAL – Associação Brasileira do Alumínio
Veja o comunicado na íntegra
A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) manifesta preocupação com os impactos da nova medida tarifária anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que pretende impor um acréscimo de 25% sobre as importações de alumínio. Apesar do anúncio público da medida feito na segunda-feira (10/02) à noite, até o momento, o Decreto Executivo com os detalhes das medidas a serem aplicadas sobre o alumínio ainda não havia sido publicado no site do governo americano.
Portanto, ainda não está claro se essa nova tarifa substituirá a sobretaxa existente de 10% da Seção 232 ou se será adicionada a ela, resultando em uma tarifa total de 35%. E, conforme anunciado pelo Presidente Donald Trump, desta vez não haverá exceções ou isenções para nenhum país.
Na medida anterior (Seção 232, imposta em 2018), os Estados Unidos aplicaram tarifas de 25% sobre importações de aço e 10% sobre importações de alguns produtos de alumínio. No entanto, no caso do alumínio, alguns países receberam isenções totais (Canadá, México e Austrália) ou foram incluídos em acordos de cotas (Argentina, União Europeia e Reino Unido).
Os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado. Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa.
Embora a participação do Brasil nas importações americanas de produtos de alumínio seja relativamente pequena, menos 1%, os Estados Unidos é um parceiro comercial importante e correspondem a 16,8% das exportações brasileiras do metal. O que movimentou US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024. Em termos de volume, os Estados Unidos foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio. Desse total, 54,2 mil toneladas das exportações estavam sujeitas à Seção 232, e chapas e folhas de alumínio corresponderam a 76% desse volume.
Além dos impactos na balança comercial, preocupa ainda mais os efeitos indiretos associados ao aumento da exposição do Brasil aos desvios de comércio e à concorrência desleal. Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais.
A imposição das novas tarifas nos EUA também pode resultar em uma tendência de elevação dos preços regionais, especialmente nas regiões que dependem de importações, o que pode provocar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento e modificar fluxos comerciais tradicionais.