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Por Ricardo Lima
A Vale inaugurou nesta quinta-feira (4/9) a mina Capanema, em Ouro Preto (MG), marcando o início de uma nova fase de investimentos no Estado. A empresa planeja aplicar R$ 67 bilhões até 2030 em operações mais seguras, inovadoras e ambientalmente responsáveis. O projeto prioriza a redução do uso de barragens, menor emissão de carbono e mineração circular, com destaque para tecnologias de ponta nos cinco complexos operacionais da companhia em Minas Gerais.
A mina Capanema será operada com umidade natural, sem uso de água no processamento do minério e sem geração de rejeito, eliminando a necessidade de barragem. O empreendimento contará com cinco caminhões fora de estrada autônomos e soluções de circularidade, incluindo o reprocessamento de minério de ferro de uma antiga pilha de estéril. A previsão é de adicionar aproximadamente 15 milhões de toneladas por ano à produção da Vale, contribuindo para o guidance de 340–360 Mtpa em 2026.
Foram investidos cerca de R$ 5,2 bilhões na reativação da unidade, paralisada há 22 anos, com modernização das instalações e integração com outras minas da região. O projeto envolveu cinco anos de obras, cerca de 40 empresas e mais de 6.000 trabalhadores no pico das atividades, priorizando mão de obra local. Atualmente, a mina opera com 800 empregados.
Gustavo Pimenta, presidente da Vale, destacou a importância do projeto:
“Minas Gerais está no centro da transformação da Vale […] Capanema exemplifica a nova fase da mineração em Minas Gerais e reforça nosso compromisso com […] iniciativas de descarbonização”.
Gustavo Pimenta – Presidente da Vale
Pimenta ressaltou a longa história de aprendizados da Vale em Minas Gerais, a evolução cultural da empresa e a parceria contínua com os mineiros, afirmando que a empresa segue comprometida com o desenvolvimento sustentável do Estado.
Estratégia de R$ 67 bilhões até 2030
O investimento planejado até 2030 busca ampliar o portfólio de minério de ferro da Vale com mais flexibilidade e melhor desempenho operacional. Segundo a empresa, os aportes devem gerar cerca de R$ 440 milhões em royalties por ano e movimentar R$ 3 bilhões anuais em salários para aproximadamente 60 mil profissionais, entre próprios e contratados.
Rogério Nogueira, vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento, explicou: “Esses projetos oferecerão mais segurança na produção do portfólio de alta qualidade […] Minas Gerais é estratégico no fornecimento desse produto, contribuindo diretamente para a descarbonização da indústria siderúrgica“. Nogueira detalhou que o portfólio de alta qualidade envolve etapas de concentração do minério, especialmente o pellet feed high grade, essencial para as rotas de redução direta na produção de aço com menor emissão de gases de efeito estufa.
Os investimentos incluem modernização dos cinco complexos operacionais da Vale, gestão aprimorada de estruturas geotécnicas, conectividade, renovação de frota, instrumentação e monitoramento para garantir segurança, sustentabilidade e inovação na produção de minério de ferro.
Rafael Bittar, vice-presidente executivo de Serviços Técnicos, afirmou: “Continuamos avançando na gestão de nossas estruturas geotécnicas […] Esse é um passo essencial para uma mineração mais segura e alinhada às expectativas da sociedade“. Bittar destacou que a Vale está aprimorando controles e estudos técnicos, desenvolvendo tecnologia de ponta em parceria com fornecedores para eliminar barragens a montante, com foco total na segurança dos empregados, das comunidades vizinhas e na proteção ambiental.
Mineração circular e coprodutos
Desde 2020, a Vale intensifica práticas de mineração circular em Minas Gerais, reaproveitando minério de ferro de estruturas em descaracterização, como as pilhas de estéril da mina Serrinha e a barragem Vargem Grande. No primeiro semestre de 2025, foram produzidas cerca de 9 milhões de toneladas a partir desses programas, 14% a mais que no mesmo período de 2024. Em 2024, a produção total de fontes circulares somou 12,7 Mt, e há potencial para que até 2030 essas fontes representem 10% da produção total da companhia, sendo Minas Gerais responsável por cerca de 80% desse volume.
O Estado também recebe iniciativas de coprodutos, como a produção de Areia Sustentável, com mais de 3 milhões de toneladas comercializadas nos últimos dois anos, e a Fábrica de Blocos em Itabirito, que transforma rejeitos em materiais para construção civil, reintegrando à cadeia produtiva materiais antes descartados em barragens e pilhas.
Presença social e ambiental em Minas Gerais
Com 63 mil empregados, a Vale representa cerca de 3,5% do PIB do Estado em 2023, segundo estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Minas Gerais foi responsável por aproximadamente 45% da produção total de minério de ferro da companhia nos últimos dois anos.
A Vale também investe em cultura e preservação ambiental. Entre 2020 e 2024, destinou cerca de R$ 370 milhões a 335 projetos culturais, beneficiando mais de um milhão de pessoas em 45 municípios. Além disso, protege 73 mil hectares de áreas verdes no Estado, incluindo 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), e conserva outros 41 mil hectares entre reservas legais, áreas de compensação ambiental e áreas destinadas à criação de novas RPPNs, atualmente em análise pelos órgãos competentes.













