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Por Ricardo Lima
O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros acendeu um alerta no setor de mineração em Mato Grosso do Sul. O estado exporta quase toda a produção de ferro gusa para o mercado americano, o que torna a atividade altamente vulnerável à nova medida. Informações apuradas pelo G1.
Em 2024, cerca de 91% do ferro gusa produzido no estado teve como destino os EUA, somando US$ 123,6 milhões em exportações. Diante da possível taxação, empresas locais podem reduzir atividades, cortar empregos e até interromper parte da produção.
“Nós não temos como competir no mercado americano com ferro gusa com a tarifa de 50%. Esse produto terá que ser direcionado ao mercado interno brasileiro, e a gente vai ter uma redução da atividade industrial e na agregação de valor desse minério em Mato Grosso do Sul”, afirma o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck
Dependência do mercado americano
O ferro gusa é obtido a partir de minério de ferro, coque e calcário em altos-fornos. Em MS, a produção é realizada por três empresas e se diferencia do minério de ferro, que tem outros destinos, como Europa, Ásia e países do Mercosul, e não será atingido pela nova tarifa.
Segundo Verruck, o governo estadual tenta negociar com os EUA e manter os contratos existentes. “Talvez tentar abrir um prazo para que as empresas consigam estruturar suas cadeias produtivas. Obviamente o ideal é que essa tarifação seja retirada e a gente consiga uma normalidade no mercado sul-mato-grossense”, disse
Efeitos também na carne e na piscicultura
Além da mineração, outros setores do agronegócio, como a produção de carne bovina e tilápia, também estão expostos a prejuízos com a decisão americana.
O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS), Sérgio Longen, alerta para o impacto geral nas exportações do estado. Segundo ele, no primeiro semestre de 2025, foram embarcadas 94 mil toneladas de minério, gerando US$ 40 milhões.
“É um setor muito importante, é um segmento que vem crescendo a todo tempo. Apesar do prejuízo para Mato Grosso do Sul em vários segmentos, o minério de ferro é de extrema importância também, e está na pauta como prioridade para defendermos o fim dessa sobretaxa”, pontua