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Por Ricardo Lima
A Rio Tinto está considerando expandir sua atuação para o mercado de terras raras e outros minerais estratégicos, como parte de sua resposta às transformações globais no comércio e à crescente demanda por matérias-primas ligadas à transição energética. Segundo matéria publicada pela Mining.com, a possibilidade foi levantada após a reunião anual da empresa, realizada nesta quinta-feira (1º) em Perth, na Austrália.
Transição energética e reconfiguração de portfólio
O diretor executivo Jakob Stausholm afirmou que o conselho está observando com atenção o potencial desses minerais no portfólio da companhia. “O próximo passo é olhar com mais profundidade para os minerais críticos”, disse. Ele explicou que esses elementos não exigem, necessariamente, minas exclusivas, já que muitos deles aparecem como subprodutos nas operações atuais. Por isso, segundo Stausholm, a discussão gira em torno da possibilidade de processá-los de forma mais intencional.
Enquanto avança com projetos de ferro em regiões como a Guiné, e mantém a otimização das operações no Pilbara, a mineradora também vem reestruturando seus negócios de alumínio, cobre e lítio. O objetivo é reforçar sua posição na cadeia de fornecimento de energia limpa.
Mercado restrito e cautela no avanço
A ausência de um mercado robusto à vista para vários desses minerais é um dos fatores que exigem prudência, segundo Stausholm. Ele citou exemplos como o escândio, já extraído no Canadá, e o gálio, cuja viabilidade está em análise. “É preciso garantir demanda antes de ampliar a produção”, pontuou.
O presidente do conselho, Dominic Barton, compartilhou da abordagem cuidadosa. Ele lembrou que o setor de minerais críticos ainda é de pequena escala, o que explica a ausência de grandes mineradoras no segmento. Apesar disso, ele destacou que a diversificação das cadeias globais de suprimento reacendeu a discussão dentro da empresa: “Estamos nos perguntando se devemos reavaliar o que já temos”, declara.
Operações nos EUA e visão de longo prazo
Nos Estados Unidos, a Rio Tinto opera ativos como a mina e fundição de cobre Kennecott, em Utah, além de projetos na Califórnia e no Arizona. Stausholm afirmou que há um forte interesse do governo americano em aproveitar ao máximo essas instalações. Ele ressaltou que as tarifas comerciais, embora indesejadas, não devem alterar a estratégia de longo prazo da empresa. Recentemente, o governo dos EUA acelerou o licenciamento do projeto Resolution, em parceria com a BHP.
Segundo Stausholm, a mineração americana vive um novo ciclo. “Diferente da Austrália, os EUA tiveram pouco desenvolvimento minerário nas últimas décadas — isso está mudando”, declarou.
Rejeição à proposta de reestruturação societária
Durante a assembleia, foi rejeitada a proposta do fundo Palliser Capital, do Reino Unido, que solicitava uma revisão na estrutura dual de listagem da Rio Tinto. O presidente do conselho afirmou que o modelo já havia sido analisado em profundidade no ano anterior, com auxílio de cinco consultorias independentes. “Todos os estudos indicaram que a unificação destruiria valor para a companhia e seus acionistas”, destacou Barton. Apenas 19,35% dos acionistas apoiaram a proposta, longe dos 75% exigidos por lei no Reino Unido.