Comente, compartilhe e deixe sua opinião nos comentários! Sua participação é essencial para enriquecer o debate
Por José (Leroy) Almeida
Nos últimos anos, desenvolvi uma abordagem estratégica para avaliar projetos minerais com base na leitura dos ciclos de mercado, com foco em três variáveis críticas: governança, timing de capital e capacidade de execução das equipes.
Entre as ferramentas que auxiliam essa leitura, destaco um modelo que representa o comportamento típico dos mercados de mineração ao longo de um ciclo completo de expansão e contração, o chamado “Relógio do Ciclo de Mercado de Recursos”.

Esse modelo propõe, como também defendo, uma visão contracíclica: alocar capital antes da euforia, quando o valor ainda não foi precificado, ou após a correção, quando a irracionalidade já se dissipou.
O que se observa com frequência, especialmente entre empresas júnior e algumas mid-tiers, são decisões de captação tomadas no pico, quando os valuations estão inflados e o risco é mascarado por fluxo momentâneo. Dificilmente irão capturar valor.
Já as melhores entradas tendem a ocorrer quando há aversão generalizada, ativos descontados e maior seletividade. É quando estratégia, governança e disciplina de capital realmente se destacam e há captura de valor.
Entendendo o Ciclo
O modelo propõe uma leitura contínua e cíclica do comportamento do setor mineral:
De 6h a 12h – do BOOM ao CRASH
- 6h: surgem novas empresas júnior; início da euforia.
- 7h–8h: aceleração da atividade exploratória.
- 9h–10h: talentos saem de grandes empresas para criar startups; capital flui com baixa maturidade técnica.
- 10h–12h: entrada das majors, aquisições por ações, valuations inflacionados, sinal de saturação.
De 12h a 6h – do CRASH ao novo BOOM
- 12h: colapso de expectativas; liquidações.
- 1h–2h: retração das atividades.
- 3h–4h: fusões e aquisições oportunísticas com capital líquido.
- 5h–6h: ativos descontados; início da reprecificação. As melhores entradas ocorrem aqui.
🎯 A tese contracíclica
“Reconheça em que ponto do relógio o mercado está, e atue contra o ciclo.”
Essa não é apenas uma filosofia de alocação, mas uma estratégia de defesa e geração de valor em mercados assimétricos como o mineral.
A decisão de investimento no setor vai além da geologia: exige estratégia, inteligência de capital e uma equipe multidisciplinar com capacidade de execução.
Geologia + Economia Mineral: a fórmula para criar valor
A geologia responde ao “onde” e ao “quanto”. É o mapa do possível. A economia mineral responde ao “quando” e ao “porquê”. É o mapa do relevante.
A criação de valor sustentável só ocorre quando decisões técnicas caminham lado a lado com inteligência econômica, formando uma sinergia estratégica indispensável.
Decisões Técnicas + Inteligência Econômica = Criação de Valor
Para quem compartilha essa visão
Projetos bem-sucedidos exigem leitura de ciclo, estrutura clara e maturidade institucional. Há espaço para uma nova forma de pensar ativos minerais, com menos impulso e mais inteligência estratégica.
Minério não é valor. Valor é a decisão de capital certa, no time certo, com os dados certos.
Ler o ciclo é só o começo. Agir no tempo certo é o que constrói valor.
José (Leroy) Almeida é sócio da Aviv Capital Resource, estrategista em projetos minerais e especialista em estruturação de ativos, ciclos de mercado e inteligência de capital. Engenheiro Físico (UFSCar), com especialização em Recursos Minerais (UFMG), formação internacional em Economia e Negócios para Mineração pela The University of British Columbia e MBA em Comercialização de Commodities. Atua com frameworks proprietários, unindo técnica, estratégia e o uso de inteligência artificial para análise e maturação de portfólios de projetos no setor de recursos naturais.