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Por Ricardo Lima
O preço do ouro (XAU/USD) disparou para um novo pico intradiário de US$ 3.470,30 nesta quinta-feira, ampliando os ganhos após abrir os contratos futuros a US$ 3.431,80, valor 1,5% superior ao fechamento de US$ 3.380 na quarta-feira. O movimento reflete o aumento da busca por ativos de refúgio, impulsionada pela decisão do presidente Donald Trump de dobrar as tarifas sobre importações indianas para 50% e de ameaçar o Japão com um tarifa extra de 15%, reacendendo temores sobre uma guerra comercial global.
Além disso, Trump advertiu que poderá impor tarifas de 100% sobre semicondutores caso os fabricantes não invistam nos Estados Unidos, elevando a incerteza sobre preços ao consumidor e o crescimento econômico. Esses fatores elevaram o ouro a uma valorização semanal de 4,9%, alta de 3,8% no mês e impressionantes 43,5% no acumulado do ano.
Corte de juros pelo Federal Reserve
A escalada do ouro também é alimentada pela crescente expectativa de que o Federal Reserve retome cortes na taxa de juros já em setembro. Após dados fracos do emprego nos Estados Unidos e resultados abaixo do esperado no índice ISM de serviços, a ferramenta FedWatch do CME Group aponta mais de 90% de chance para uma redução de 25 pontos-base na próxima reunião do banco central, com o mercado precificando pelo menos dois cortes até o final do ano, totalizando 50 pontos-base.
Apesar desse cenário, o índice do dólar americano (DXY) teve apenas uma recuperação modesta, negociando próximo de 98,25, limitando a alta do ouro. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano a 10 anos subiram para 4,24%, exercendo pressão sobre metais preciosos, mas a recuperação fraca do dólar favorece a continuidade da valorização do ouro.
Tensões geopolíticas
O aumento das tensões geopolíticas e comerciais também tem levado bancos centrais a diversificarem suas reservas em ouro. Rússia e China adicionaram coletivamente mais de 200 toneladas do metal precioso no primeiro semestre de 2025, demonstrando a busca por proteção cambial. Investidores privados seguem essa tendência, com aportes líquidos de US$ 4 bilhões em ETFs de ouro no último mês. Enquanto as ações atingem máximas históricas, o desempenho superior do ouro reforça seu papel como um ativo de equilíbrio em carteiras. O banco Citi, por sua vez, elevou sua projeção para o ouro em três meses de US$ 3.300 para US$ 3.500, destacando os riscos inflacionários causados pelas tarifas, o enfraquecimento do dólar e as preocupações com o crescimento dos EUA.