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Por Ricardo Lima
O estado de São Paulo acaba de ganhar uma nova ferramenta digital que alia mineração e agricultura sustentável. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) lançou um painel interativo com informações detalhadas sobre o potencial agromineral do território paulista, com foco em alternativas ecológicas aos fertilizantes tradicionais. A iniciativa integra o programa Mineração Segura e Sustentável e busca incentivar o uso de remineralizadores de solo, explorando a capacidade das rochas silicatadas em enriquecer o solo e fortalecer a cadeia produtiva nacional.
Alternativa sustentável aos fertilizantes químicos
Intitulado Informe de Recursos Minerais – Avaliação do Potencial Agromineral do Brasil: Estado de São Paulo – Fase I, o painel traz dados que apontam para uma ampla disponibilidade de agrominerais silicáticos (AGSi) em território paulista. Essas rochas, como basalto e diabásio, têm se destacado como fontes de remineralizadores (REM) e fertilizantes silicáticos (FSi), inserindo-se como insumos-chave na agricultura regenerativa e na economia circular.
Ao promover a atividade biológica do solo, melhorar sua estrutura física, aumentar a retenção de água e favorecer a fixação de matéria orgânica, esses insumos contribuem também para o cumprimento de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — ao mesmo tempo em que valorizam subprodutos da própria cadeia mineral brasileira.
Dados agropecuários e geológicos reunidos
Além da caracterização mineral, o painel exibe um panorama robusto da produção agropecuária em São Paulo. Em 2023, o estado produziu 465 milhões de toneladas de alimentos, com destaque para cana-de-açúcar (43,9 mi t), soja (4,9 mi t), milho (4,8 mi t) e laranja (13,6 mi t). O valor total da produção agrícola ultrapassou R$ 101 bilhões. O painel também aponta um rebanho expressivo, com 69 milhões de cabeças, especialmente de galinhas e bovinos.
Na parte geológica, foram coletadas 207 amostras de rochas em diferentes municípios paulistas — a maioria proveniente do Grupo Serra Geral. Dentre os materiais analisados, o basalto (113 amostras) e o diabásio (43 amostras) sobressaem como matérias-primas com forte potencial para uso agrícola, principalmente na forma de rochas brutas.
Base legal e inovação técnica
O painel também oferece um panorama da legislação que ampara o uso de agrominerais no Brasil, como as Leis nº 6.894/1980 e 12.890/2013, e normativas do Ministério da Agricultura que regulamentam a aplicação de remineralizadores e fertilizantes minerais simples.
A iniciativa é resultado do trabalho técnico de Alessandra Elisa Blaskowski, Simone Zwirtes e Sérgio Azevedo Marques de Oliveira, com o desenvolvimento do painel digital por Rogério Celestino de Almeida.
A plataforma está disponível ao público e pode ser acessada neste link.