A demanda por energia renovável é cada vez maior no mundo e as atividades produtivas têm desempenhado um papel de liderança na busca por soluções capazes de impulsionar a transição energética e a redução de emissões de gases do efeito estufa. Alguns desses projetos já implantados no Brasil foram destaque no painel sobre plantas de energia renovável das mineradoras, realizado nesta quarta-feira (30), na Expo & Congresso Brasileiro da Mineração (Exposibram 2023), em Belém (PA).
Participaram da mesa André Martini, CDO da CGN Brasil Energia; Fernanda Rodrigues, especialista de Energia da Anglo American; Paulo Cruz, gerente geral de Energia da Vale; e Sérgio de Souza Ferreira, gerente executivo da Hydro. A conversa foi mediada por Mário Souza Alvarenga, gerente sênior de Energia da AngloGold Ashanti.
André Martini apresentou o perfil de atuação da CGN a partir das usinas instaladas nos estados do Piauí, Bahia, Rio Grande do Norte, Paraná e Rio Grande do Sul, que dão suporte aos contratos de compra e venda de energia, mais conhecido pela sigla em inglês PPA, bem como a expertise em projetos de autoprodução para empreendimentos.
Atualmente, de acordo com Martini, há um cenário favorável para investimentos em energia renovável, em que se observa um barateamento de recursos como os painéis solares. Além da redução dos custos operacionais, ele ressaltou outras vantagens. “Com esses projetos é possível ter um controle das emissões, auxiliar na eletrificação de comunidades, impactando positivamente no aspecto social, mas também tem a vantagem comercial de associar as operações com um green label (rótulo verde)”, afirmou.
Por sua vez, Fernanda Rodrigues mostrou o case da Anglo American no país, que tem como meta diminuir em 30% o consumo geral de energia e as emissões de gases do efeito estufa até 2030, além de ser uma empresa com minas neutras em carbono até 2040. Para isso, uma das apostas foi no projeto de autoprodução remota produzido pela Casa dos Ventos. A usina está instalada no Rio Grande do Norte e possui capacidade de 193 MW para atender às plantas dos estados de Minas Gerais e Goiás.
“Foi o nosso primeiro projeto de autoprodução e representou uma mudança de paradigma, pois com ele temos a perspectiva de evitar a emissão de 400 mil toneladas de carbono ao longo de toda sua vida útil”, pontuou.
Já Paulo Cruz discorreu sobre os objetivos de sustentabilidade da Vale, que abrangem, por exemplo, a utilização de 100% de energia renovável no país até 2025. Atualmente, a companhia opera com 99,95% de geração de energia elétrica renovável, o que indica que a meta deve ser alcançada antes mesmo do prazo estabelecido.
“Quando nem se falava tanto de transição energética, nós já atuamos na área, não só pela questão ambiental, mas porque a Vale viu que investir na autoprodução é o melhor modelo para promover a segurança do abastecimento das nossas operações”, disse o gerente, citando o projeto Sol do Cerrado, instalado em Minas Gerais e que possui capacidade de pico de 766 MW e contribui para redução de cerca de 134 mil toneladas de CO² por ano.
Por fim, Sérgio Ferreira elencou os diversos investimentos feitos pela Hydro para mudar a matriz energética de suas atividades em Paragominas. Algumas das estratégias são o uso de fontes alternativas como a substituição de óleo combustível por gás natural, a alimentação de caldeiras elétricas por métodos submersos, a implementação de projetos de energia solar e eólica e a utilização de caroços de açaí como carvão vegetal nas caldeiras.
“O desafio é pegar estruturas maduras e em plena produção e inserir nelas algo novo. Ou seja, temos que fazer protótipos em escala real. Porém, entendemos que é nosso papel encontrar soluções viáveis para operações com energia renovável”, ressaltou Ferreira.