A Polícia Federal (PF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgaram informações alarmantes sobre a mineração de ouro no Brasil. Segundo eles, praticamente toda a mineração de ouro no país utiliza mercúrio ilegal, o que foi revelado em uma investigação relacionada a um esquema criminoso de contrabando desse elemento químico para o garimpo, principalmente na Amazônia.
A operação Hermes Hg II, que foi realizada recentemente e que teve um bloqueio de R$ 2,9 bilhões em bens dos envolvidos, também teve como objetivo detalhar esse uso ilegal do mercúrio. O mercúrio é essencial na extração de ouro, pois ajuda a eliminar impurezas do metal.
A investigação apontou que “grandes mineradoras” do Brasil estão entre os compradores finais do mercúrio ilegal. A PF enfatizou que o Brasil não produz mercúrio e a importação é restrita, tornando todo o mercúrio existente no país atualmente ilegal.
O diretor de proteção ambiental do Ibama, Jair Schimitt, explicou que o contrabando de mercúrio ilegal é a alternativa usada, já que a importação legal é praticamente inexistente. Os criminosos trazem mercúrio contrabandeado de países da América Latina, como Bolívia, México e Guatemala.
A operação visa encontrar provas do funcionamento do esquema, identificar os responsáveis pelo comércio ilegal de mercúrio e os compradores finais, além de identificar o patrimônio construído por meio dessa atividade. Os crimes investigados incluem danos ao meio ambiente, organização criminosa, receptação, contrabando, falsidade documental e lavagem de dinheiro.
A operação Hermes Hg II é um desdobramento da primeira fase, realizada no ano anterior, e é considerada a maior ação para combater o uso ilegal de mercúrio no país.