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Por Ricardo Lima
A mineradora australiana Meteoric Resources recebeu autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG) para instalar uma planta piloto voltada à validação de processos de extração de terras raras no município de Caldas, no Sul de Minas Gerais. A licença ambiental, concedida em 29 de agosto de 2025 pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) tem validade de dez anos. Informações do G1.
A planta será construída dentro de um galpão industrial, em ambiente fechado e controlado, com capacidade para processar até 2 kg por mês de carbonato misto de terras raras. Segundo Eder Santo, diretor de sustentabilidade da Meteoric Resources, a planta piloto será instalada em ambiente fechado, dentro de um galpão industrial, sem qualquer estrutura ao ar livre. “É um laboratório, praticamente. Ela vai ser construída dentro de um galpão. Então, eu não tenho nada ao ar livre. É tudo dentro desse galpão, em ambiente controlado”, afirmou, destacando o caráter técnico e seguro da operação.
Além disso, o diretor de sustentabilidade explicou que a produção mensal será de aproximadamente dois quilos de carbonato de terras raras, com dois objetivos principais: fornecer amostras de qualidade a potenciais clientes internacionais e capacitar operadores para a futura fase comercial do Projeto Caldeira.
“Primeiro, produzir um carbonato de terras raras de qualidade que vai ser colocado para os potenciais clientes, e a maioria deles fora do Brasil”, disse.
Eder Santo – Diretor de Sustentabilidade da Meteoric
Ele acrescentou que a formação técnica da equipe será essencial para quando o projeto receber autorização definitiva.
Projeto Caldeira
O Projeto Caldeira está localizado na região da caldeira vulcânica de Poços de Caldas, uma área com alto potencial para argilas de adsorção iônica — o mesmo tipo de minério explorado no sul da China. A Meteoric estima que o projeto possa atender até 15% da demanda global por terras raras, com um investimento previsto de R$ 1,1 bilhão. O modelo proposto dispensa perfurações, detonações e barragens de rejeitos, adotando técnicas de empilhamento a seco e preenchimento de cavas.
A empresa afirma que o processo não gera resíduos radioativos significativos, e que os aspectos radiológicos serão acompanhados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A iniciativa conta com apoio do EXIM Bank dos Estados Unidos e parceria com a Neo Performance Materials, especializada em separação de óxidos.
Investigação sobre licenciamento
Apesar do avanço regulatório, o G1 apurou que projeto está sob investigação do Ministério Público de Minas Gerais, que instaurou um inquérito civil para apurar possíveis irregularidades nos pedidos de licenciamento. O MP questiona a apresentação simultânea de dois processos distintos: um da Meteoric para a planta piloto e outro, feito por uma empresa diferente, para a criação de uma cava temporária que seria utilizada pela mineradora. A promotoria avalia se houve fragmentação indevida do licenciamento, o que poderia comprometer a análise integrada dos impactos ambientais.
A Meteoric afirma ter realizado audiências públicas e obtido apoio da maioria da comunidade local. O desfecho do inquérito poderá influenciar os próximos passos do projeto, que representa uma nova fronteira para o Brasil na cadeia global de suprimento de terras raras.