Comente, compartilhe e deixe sua opinião nos comentários! Sua participação é essencial para enriquecer o debate
Por Ricardo Lima
Em apenas dois anos, a junior canadense mapeou um dos grandes depósitos de lítio em espodumênio do Brasil. Com cerca de 300 furos e mais de 60 mil metros de sondagem, já soma 68,6 milhões de toneladas em recursos globais, 60% classificados como medidos e indicados no depósito Bandeira.
O geólogo Ricardo Lopes, gerente de exploração da Lithium Ionic, destacou durante o Lithium Business, a rápida evolução do depósito Bandeira, que já atingiu 46 milhões de toneladas em recursos minerais em apenas dois anos de pesquisa exploratória.
Com mais de 300 furos executados e 60 mil metros de sondagem, o Bandeira foi descoberto e definido a partir de trincheiras, amostragem de solo e sondagem. Lopes ressaltou a importância da continuidade em profundidade e o papel das equipes técnicas que atuam em várias frentes para desbloquear o potencial das áreas da companhia na região.
Avanço das perfurações
Ao apresentar a trajetória do projeto, Lopes relembrou as dificuldades do início em 2022, com cobertura de solo espessa e poucos afloramentos visíveis. “O início de tudo foi esses mapeamentos de galerias e shafts antigos e a amostragem de solo”, afirmou. A partir dessas informações preliminares, a equipe delineou quatro faixas principais de anomalia de lítio em solo, com foco em áreas que apresentavam pegmatitos ricos em espodumênio.
Segundo o geólogo, o primeiro grande avanço veio com a trincheira inicial, que revelou 8,8 metros com 1,45% de óxido de lítio. Lopes explicou que os primeiros dois furos confirmaram os resultados da trincheira com teores relevantes logo nos furos iniciais. “O primeiro furo deu 5,7 metros com 1,8% Li2O (óxido de lítio), o segundo furo 5 metros com 1,55% Li2O, relatou. Apesar de oscilações em alguns trechos, a decisão de perfurar abaixo de 100 metros abriu novas possibilidades e revelou quantidades muito significativas de pegmatitos, continuidade e localmente uma tendência de aumento de espessura e teor em profundidade.
Com o avanço das perfurações, um dos corpos principais de pegmatitos, identificado como Corpo 1, foi detalhado e mostrou continuidade em profundidade e extensão lateral. Lopes destacou que “só nele, por exemplo, nós temos 10 milhões de toneladas, 1,4% de óxido de lítio e ainda aberto em profundidade”. O modelo geológico, segundo ele, é composto por pegmatitos simples e não zonados, com cerca de 15% a 20% em média (podendo chegar até 35%) de espodumênio e contendo albita e quartzo.
Lopes celebrou os resultados expressivos do projeto e a contribuição da equipe multidisciplinar envolvida. Ele reforçou que, em apenas dois anos, a empresa saiu do zero para mais de 60 milhões de toneladas em recursos globais, sendo 60% já na categoria de medido e indicado no Depósito Bandeira.

O gerente também ressaltou a responsabilidade ambiental do projeto, com a criação de um viveiro que já produziu 4 mil mudas, sendo 2 mil espécies nativas da região já plantadas, além de outras ações de recuperação ambiental.
Investidores atentos ao que acontece na região
Blake Hylands, CEO da Lithium Ionic participou de painel com executivos da Sigma, CBL e PLS e AMG sobre a cadeia do lítio no Vale do Jequitinhonha. O debate discutiu estratégias para o fortalecimento da cadeia produtiva, o desenvolvimento sustentável e os entraves à verticalização da produção de lítio no Brasil.

Brasil tem a chance de se consolidar como líder global na transição energética, afirma Blake Hylands, CEO da Lithium Ionic.
Hylands trouxe um olhar internacional sobre o potencial do Brasil e da região do Vale do Jequitinhonha. “O Brasil tem algumas das melhores rochas do mundo”, afirmou, destacando também a infraestrutura e a força de trabalho como ativos importantes.
Ele ressaltou que os investidores internacionais estão atentos ao que acontece na região, e ponderou que o país precisa garantir estabilidade jurídica e regulatória para atrair capital. Segundo ele, o Brasil tem a chance de se consolidar como líder global na transição energética.