Por Ricardo Lima
Apesar de haver recursos de urânio suficientes para manter e expandir significativamente o uso da energia nuclear até 2050 e além, o mais recente relatório Uranium 2024: Resources, Production and Demand — conhecido como “Livro Vermelho” — alerta que investimentos imediatos em exploração, mineração e técnicas de processamento são essenciais para garantir o fornecimento futuro do mineral. O documento é elaborado a cada dois anos pela Agência de Energia Nuclear da OCDE (NEA) em parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).
Com base em dados oficiais de governos, o relatório mostra que, até 1º de janeiro de 2023, o total de recursos recuperáveis identificados era de 7,93 milhões de toneladas. Apesar do aumento de menos de 0,5% em relação ao levantamento anterior, os autores apontam que esse número pode crescer com o aproveitamento de fontes ainda não descobertas ou não convencionais, especialmente diante do aumento no preço do urânio e do compromisso firmado por 31 países durante a COP28 de triplicar a capacidade nuclear até 2050.
Os gastos globais com exploração e desenvolvimento de minas cresceram expressivamente após o impacto negativo da pandemia e do mercado desfavorável nos anos anteriores, alcançando US$ 800 milhões em 2022 e podendo chegar a US$ 840 milhões em 2023. A produção mundial de urânio aumentou 4% entre 2020 e 2022, tendência que deve continuar nos próximos anos.
O estudo projeta diferentes cenários de crescimento da energia nuclear até 2050, concluindo que os recursos atuais são suficientes mesmo em contextos de alta expansão. No entanto, alerta que a criação de novos centros de produção pode levar anos, devido à complexidade regulatória e ao ambiente de investimentos conservador. Por isso, os esforços para garantir o fornecimento futuro de urânio precisam começar imediatamente.