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ESPECIAL EXPOSIBRAM
Por Ricardo Lima
Executivos de mineradoras de médio porte defenderam durante a Exposibram, em Salvador, que a inovação no setor deve ser contínua, integrada à estratégia e voltada a resultados tangíveis — financeiros, sociais e reputacionais — e não apenas à adoção de tecnologias. O debate, mediado por Leandro Rossi, diretor-executivo do Mining Hub, reuniu representantes da Itaminas, Herculano, Bemisa, Lundin Mining e Instituto Senai.
Rossi disse que a inovação precisa ser prática transversal e disciplinada, conectando pesquisa e operação: “A inovação não tá numa caixinha só, ela tá espalhada em várias áreas”, afirmou. Para ele, mais do que perseguir novidade, a inovação deve gerar reputação e melhorar o posicionamento do setor.
Estratégia, cultura e liderança
Argeu Géo Filho, vice-presidente de operações da Itaminas, destacou que inovação precisa integrar estratégia e cultura corporativa, em vez de ficar restrita a projetos isolados. Segundo ele, a transformação da governança da Itaminas acelerou essa agenda ao exigir que a liderança equilibre iniciativas imediatas com ações estruturantes. “Inovação tem que ter retorno, tem que ter resultado”, afirmou, ao defender soluções que otimizam processos, reduzem custos e elevam produção. Para ele, a otimização garante o presente e transformação constrói o futuro.
O executivo também ressaltou a dimensão social da inovação e apresentou o projeto com o ICLEI, que mede impacto comunitário a partir dos ODS da ONU e calcula retorno social de investimentos. “O objetivo do ICLEI é tangibilizar a comunidade”, afirmou, ao defender atenção às necessidades reais do território.
“Falamos muito de agendas globais, mas precisamos dar atenção às pessoas que vivem próximas às nossas operações. Esse trabalho nos ajuda a entender as dores do território e mensurar o retorno real das ações de ESG”, disse.
Argeu explicou que a Itaminas trabalha para que a inovação se torne um valor transversal, presente em todos os níveis da companhia. “A inovação precisa ser de fato algo constante, uma cultura. Ela não pode ser um setor específico. No nosso mapa estratégico, todos os objetivos estão linkados à inovação”, destacou.

Argeu Géo Filho, vice-presidente de operações da Itaminas, destacou que inovação precisa integrar estratégia e cultura corporativa, em vez de ficar restrita a projetos isolados.
Curva de aprendizado
Luciano Santos, diretor jurídico da Lundin Mining, enfatizou que a inovação nasce na liderança e depende de ambiente seguro para testar. “A liderança é um motor de crescimento, e é um motor da inovação”, afirmou, defendendo espaços colaborativos como o Mining Hub para “encurtar caminhos e reduzir a curva de aprendizado do setor”.
Gilmar Vieira, da Herculano Mineração, destacou que as médias mineradoras precisam conciliar rotina operacional com inovação contínua, acesso democrático à tecnologia para transformar suas culturas internas. Ele relatou que a Herculano estruturou o programa Otimiza Mais, que mobiliza operadores e líderes para propor melhorias e projetos digitais.
“Todo mundo tem capacidade de criar, mas precisa de oportunidade”, afirmou, celebrando a participação de funcionários de todos os níveis e o impacto financeiro das iniciativas. “Nós tivemos ganhos acima de 30 milhões anualizados com os projetos”, disse.
João Ricardo Pereira, CFO da Bemisa, ressaltou que a inovação depende de disciplina, clareza dos problemas e cultura para testar sem medo, destacando o esforço da empresa em aproximar operação e corporativo com o programa BIS (Bemisa Ideias e Soluções).
“A gente tenta incentivar o errar rápido e aprender com o erro”, afirmou. Em três anos, cerca de 140 colaboradores participaram e 84 iniciativas foram concluídas, com comitês trimestrais e reconhecimento simbólico e financeiro. Para ele, o papel da liderança é crucial: “Se a gente conseguir entender qual é o problema, metade da solução já está feita”, afirmou.
Necessidade de financiamento estável
Patrícia Magalhães, pesquisadora do Instituto Senai de Inovação em Tecnologias Minerais, destacou que o setor ainda carece de mecanismos estáveis de fomento, semelhantes aos existentes no petróleo. “ Facilitaria muito se a gente tivesse um fundo regulado para a mineração”, afirmou.
Ela lembrou que a rede Senai — com 28 institutos — atua para evitar que boas ideias “morram na praia”, oferecendo suporte técnico e financeiro e acelerando projetos originados “no chão de fábrica”. “A missão é fazer com que essa ideia não morra”, disse, citando inovação aberta e validação tecnológica como pilares.













