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Por Ricardo Lima
O governo do Mali enviou helicópteros militares para a mina Loulo-Gounkoto, operada pela canadense Barrick, e recolheu mais de uma tonelada de ouro, segundo informou a própria empresa. A ação eleva a tensão entre o país africano e a maior mineradora de ouro do mundo, que já enfrenta restrições no país desde o início de 2024. Informações segundo a Bloomberg.
Em comunicado, a Barrick declarou que os helicópteros pousaram “sem aviso prévio” no local e transportaram aproximadamente 2.204 libras do metal precioso — equivalente a mais de uma tonelada métrica. “Potencialmente para venda pela administração provisória — embora isso ainda esteja indefinido e a situação esteja evoluindo”, afirmou a empresa. A carga está avaliada em cerca de US$ 117,2 milhões, com base no preço de US$ 3.324 por onça registrado na quinta-feira (10).
Administração temporária e escalada de tensão
A apreensão mais recente se soma a outras três toneladas métricas que já haviam sido levadas em janeiro, também sem explicações sobre o destino do metal. Desde junho, o complexo Loulo-Gounkoto está sob controle de uma administração interina nomeada pelo governo do Mali, que afirmou que a produção será retomada sob nova gestão.
A Barrick informou que continua comprometida com o país, mas que busca uma solução formal para o impasse. “Não estamos simplesmente esperando um resultado favorável — estamos buscando uma resolução pelos canais legais adequados, com os quais o Governo do Mali concordou em nossas Convenções de Mineração”, disse o CEO da empresa, Mark Bristow, em carta publicada no site oficial da mineradora. A primeira audiência do processo de arbitragem internacional está prevista para ocorrer no fim de julho.
Impasse começou com nova legislação
As tensões começaram ainda em 2023, quando o governo militar do Mali, enfrentando dificuldades econômicas, impôs mudanças à legislação do setor mineral. A nova lei aumentou a participação estatal em empreendimentos e exigiu o pagamento de supostos tributos em atraso. Enquanto outras companhias, como Allied Gold e B2Gold, chegaram a acordos com o governo, a Barrick optou por contestar as exigências.
Desde então, exportações foram barradas, funcionários detidos temporariamente e a atividade da Barrick na região tem sido gradualmente restringida. Apesar das pressões, a empresa afirma que continuará atuando no país e que busca “soluções de longo prazo” dentro dos termos legais acordados.