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Por Ricardo Lima
A família Moreira Salles se tornou protagonista mundial no setor de nióbio por meio da CBMM — Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração —, ao mesmo tempo em que segue influente em áreas que vão do cinema à banca. A empresa da família é responsável por quase 80% da produção global do minério, segundo a Fastmarkets. É o que revela reportagem originalmente publicada pela Gazeta do Povo.
Foi no interior de Minas Gerais, na cidade de Araxá, que a história industrial da família começou a mudar os rumos do nióbio no mundo. Fundada em 1955, a CBMM apostou em um metal até então pouco valorizado e transformou o Brasil no maior fornecedor global. A empresa opera hoje com capacidade de produzir 150 mil toneladas de ferronióbio por ano, excedendo a demanda global e garantindo fornecimento contínuo a mais de 500 clientes, em mais de 50 países.
Projeção global
A lista de produtos fornecidos vai de ligas metálicas para turbinas de avião até óxidos usados em baterias de recarga ultrarrápida. Em 2024, a CBMM investiu R$ 269 milhões em pesquisa e desenvolvimento, alta de 12% sobre o ano anterior. O foco está em ampliar aplicações, especialmente nas áreas de energia, química e tecnologia.
A gestão da empresa permanece nas mãos dos Moreira Salles. Pedro Moreira Salles, por exemplo, preside o Conselho de Administração da CBMM e também teve papel decisivo na criação do Itaú Unibanco, assumindo cargos-chave desde 2009. Seus irmãos — Fernando Roberto, João e Walter — também são nomes conhecidos no meio empresarial e constam entre os maiores bilionários brasileiros, segundo o ranking Forbes de 2025.
Fernando Roberto ocupa a 6ª colocação, com fortuna estimada em US$ 6,5 bilhões. Pedro aparece logo atrás, com US$ 6,1 bilhões. João e Walter, empatados em US$ 4,5 bilhões, completam o quarteto de herdeiros de uma das mais sólidas fortunas do país.
Atuação vai além da mineração
Apesar da forte presença nos negócios, o sobrenome Moreira Salles também ganhou notoriedade por outros caminhos. Walter Salles, cineasta e irmão dos executivos, tornou-se referência no cinema brasileiro com obras como Central do Brasil (1998) e, mais recentemente, Ainda Estou Aqui — primeiro filme brasileiro a conquistar um Oscar.
O reconhecimento internacional ao trabalho artístico do diretor colocou de novo os holofotes sobre a trajetória da família e o legado do patriarca Walther Moreira Salles (1912–2001), que iniciou a diversificação dos negócios além do setor bancário.
Metal estratégico
As propriedades físicas e químicas do nióbio tornaram o metal um dos mais valorizados em tempos de transição energética e inovação tecnológica. Com alta resistência à corrosão e temperaturas extremas, o nióbio é usado em estruturas de pontes, automóveis, turbinas, satélites, baterias e até em equipamentos médicos como tomógrafos e aceleradores de partículas.
A CBMM tem ampliado seu foco além da siderurgia tradicional. A venda de nióbio para baterias, por exemplo, cresceu mais de 50% em 2024. Os produtos da empresa incluem:
Nióbio metálico, aplicado em equipamentos hospitalares e científicos
Ferronióbio standard, essencial em estruturas civis e automotivas
Ligas de grau vácuo, usadas em motores de aeronaves e turbinas
Óxidos de nióbio, para baterias ultrarrápidas e lentes ópticas
Procurada pela Gazeta do Povo, a CBMM preferiu não se manifestar sobre a relação da família Moreira Salles com a empresa.