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Por Ricardo Lima
O Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) anunciou que pretende lançar editais de financiamento — conhecidos pela sigla em inglês NOFO (Notices of Funding Opportunities) — que totalizam quase US$ 1 bilhão. Os recursos serão destinados ao avanço de tecnologias voltadas à mineração, ao processamento e à manufatura em etapas estratégicas da cadeia de suprimento de minerais e materiais críticos. A proposta tem como objetivo acelerar o crescimento do setor no país e garantir uma oferta mais segura, previsível e acessível de insumos essenciais para a “segurança nacional, competitividade industrial e liderança energética” americana.
Segundo o DOE, os anúncios de financiamento seguem a diretriz estabelecida pela ordem executiva “Unleashing American Energy” do presidente Donald Trump, voltada a “liberar a energia americana”.
“Por muito tempo, os Estados Unidos dependeram de atores estrangeiros para fornecer e processar os materiais críticos que são essenciais para a vida moderna e para nossa segurança nacional”, afirmou o secretário de Energia, Chris Wright. “Graças à liderança do presidente Trump, o Departamento de Energia terá um papel de destaque na retomada do processamento desses materiais críticos e na expansão de nossa oferta doméstica desses recursos indispensáveis.”
Quatro frentes de financiamento
O pacote anunciado contempla quatro áreas principais de investimento. A primeira é o Acelerador de Minerais e Materiais Críticos, que deve disponibilizar até US$ 50 milhões ainda neste outono para promover a maturação de tecnologias capazes de destravar investimentos e facilitar a comercialização interna. O foco inclui processos na cadeia de ímãs de terras raras, refino e liga de gálio, germânio e carbeto de silício para semicondutores, extração direta de lítio e tecnologias de separação de materiais críticos a partir de subprodutos e sucatas.
Outra iniciativa prevê US$ 250 milhões para a recuperação de minerais críticos como subprodutos em instalações industriais domésticas. O objetivo é testar, em escala industrial, tecnologias que aproveitem correntes de processos já existentes para gerar insumos de alto valor, incluindo operações baseadas em carvão.
O Escritório de Cadeias de Suprimento de Manufatura e Energia (MESC) deve lançar um edital de até US$ 135 milhões para criar uma instalação de demonstração dedicada às terras raras. O foco é provar a viabilidade comercial da recuperação e refino doméstico desses elementos a partir de rejeitos de mineração e outros resíduos. Cada projeto deverá ter um parceiro acadêmico e custear ao menos 50% do valor.
Na mesma linha, o MESC prepara um programa de US$ 500 milhões para ampliar o processamento de minerais críticos e a fabricação e reciclagem de baterias nos EUA. A iniciativa pode contemplar desde minerais tradicionais como lítio, grafite, níquel, cobre e alumínio até terras raras presentes em baterias comerciais. Também será exigida contrapartida mínima de 50% por parte dos beneficiários.
Recuperação de minerais em águas residuais
Além disso, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Energia (ARPA-E) deve anunciar, ainda neste outono, os projetos selecionados no âmbito do programa RECOVER, que investirá US$ 40 milhões para desenvolver tecnologias capazes de extrair minerais críticos de águas residuais industriais. A ideia é complementar a mineração tradicional e aproveitar recursos que hoje são descartados, ajudando a suprir parte significativa da demanda doméstica com fontes internas.