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Por Ricardo Lima.
A companhia canadense Rover Critical Minerals concluiu a aquisição dos direitos de exploração do Projeto Aurífero de Pirenópolis, em Goiás, após cumprir os termos contratuais com a empresa brasileira Solaris Geologia e Pesquisa Mineral Ltda. O valor do negócio envolve o pagamento de US$ 45 mil em royalties, o equivalente a cerca de R$ 251 mil, além da emissão de ações e compromissos adicionais atrelados ao avanço do projeto. Informações apuradas pelo Jornal Opção.
Prefeitura e Semad desconhecem atividade minerária
Apesar do anúncio oficial da empresa estrangeira, a Prefeitura de Pirenópolis afirmou à imprensa local que não foi comunicada sobre qualquer iniciativa de mineração no município. “Qualquer tipo de autorização para exploração de solo é dada pelo governo federal. Não estamos sabendo dessa informação. Não sabemos nem se essa informação é real, se ela é verídica”, declarou a gestão municipal.
A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) também confirmou que não há registro de licenciamento em nome da Rover ou da Solaris. “Havendo comprovação de atividade que cause impacto ambiental, a Semad procederá com a fiscalização”, informou a pasta em nota. Por ora, apenas a Agência Nacional de Mineração (ANM) está formalmente envolvida no processo.
Moradores e guias turísticos da região demonstram preocupação com possíveis impactos socioambientais. O guia local Cristiano Costa alertou que a atuação da empresa estrangeira “deve ser vista com muita cautela” e citou riscos à principal fonte hídrica da cidade. “Caso haja rompimento de barragens, pode haver contaminação das águas deste rio, acarretamento de rejeitos para dentro do leito e poluição sonora”, afirmou, referindo-se ao Rio Dois Irmãos. Ele acrescentou: “Água potável valerá mais que ouro!”
Outro guia turístico, Mauro Cruz, pediu mais transparência. “Acho que ainda é cedo para ter algum ponto de vista. É preciso conhecer o projeto”, disse, ao destacar que a comunidade desconhece a localização exata e o tamanho da atividade planejada.
Investimento inclui ações, bônus e royalties
O acordo com a Solaris envolveu não apenas os royalties de 2% sobre a receita líquida do projeto, mas também a emissão de 5 milhões de ações da Rover e pagamentos adicionais vinculados ao progresso da exploração. A empresa poderá ainda adquirir metade dos royalties por US$ 1 milhão e prevê outros repasses conforme o licenciamento avance.
Segundo a Rover, amostras preliminares indicaram presença de ouro com teor de até 4,8 ppm em sedimentos e 0,8 g/t Au em quartzo. A companhia informou que a área, classificada como greenfield (sem histórico recente de mineração industrial), está próxima do centro de Pirenópolis e conta com infraestrutura favorável — como estradas, energia elétrica e pedreiras nas imediações.
O CEO da Rover, Nasim Tyab, afirmou que a empresa está entusiasmada com o potencial do projeto. “Animada para prosseguir com a próxima fase de exploração nesta antiga área de corrida do ouro”, declarou. Ele acrescentou que o objetivo é “repetir o sucesso similar ao Paracatu”, onde está localizada a maior mina de ouro da Kinross Gold no mundo.
A empresa enxerga semelhanças geológicas entre Pirenópolis e Paracatu, incluindo a presença de xisto, quartzo e minerais associados a depósitos do tipo orogênico. As próximas etapas incluem mapeamento das drenagens, análises geoquímicas e, futuramente, perfurações para avaliar a viabilidade da jazida.
Goiás atrai mineradoras
Goiás ocupa atualmente o terceiro lugar no ranking nacional de produção mineral e tem atraído mineradoras internacionais em busca de novas jazidas. Além de Pirenópolis, a região conta com projetos como Serra Grande (AngloGold Ashanti), Chapada (Lundin Mining) e o complexo Pilar Gold.