Comente, compartilhe e deixe sua opinião nos comentários! Sua participação é essencial para enriquecer o debate
Por Ricardo Lima
A empresa australiana Enova Mining Ltd anunciou resultados preliminares considerados expressivos em seu projeto CODA Central, localizado no município de Patos de Minas (MG). As perfurações iniciais com trado revelaram altos teores de titânio, elementos terras raras (REEs) e nióbio próximos à superfície, o que pode favorecer um modelo de extração de baixo custo e consolidar o país como fornecedor estratégico de minerais críticos. Informações de acordo com comunicado oficial da Enova Mining Limited, publicado em 21 de julho de 2025.
Impulsionado pela corrida global por minerais críticos, o projeto da Enova no Brasil ganha relevância estratégica em um cenário de restrição chinesa e busca por fontes seguras e sustentáveis. O avanço das sondagens, somado ao fortalecimento da presença internacional no país e ao progresso de outras iniciativas — como o planejamento ambiental da EcoGraf para seu projeto de grafite —, consolida o Brasil como peça-chave na transição energética e no desenvolvimento tecnológico global, além de referência em exploração mineral responsável.
Com presença em diferentes estados brasileiros, a Enova reforça sua posição no setor de minerais críticos por meio de um portfólio diversificado. O Coda Group of Projects, situado em Minas Gerais, é promissor para elementos de terras raras hospedados em argila. Já o Projeto Poços de Caldas, também em Minas Gerais, destaca-se como uma oportunidade relevante em argilas de adsorção iônica. Além disso, o conjunto Lithium Valley Projects abrange os municípios de Salinas, Caraí, Santo Antônio do Jacinto e Resplendor, todos localizados na região sudeste do país, com potencial significativo para lítio e elementos de terras raras.
Teores elevados próximos à superfície
As primeiras cinco sondagens em uma área de 12 km² apontaram forte mineralização desde a superfície. Os resultados destacam:
- 25 metros com 12,0% de TiO₂ (dióxido de titânio) desde a superfície, incluindo 18 metros com 13,89% a partir de 7 m de profundidade
- 23 metros com 10,9% de TiO₂ desde a superfície, com 11 metros atingindo 13,99% de TiO₂
- 15 metros com 4.041 ppm (partes por milhão) de óxidos totais de terras raras (TREO, óxidos Totais de Terras Raras), com 22,5% de NdPr (neodímio e praseodímio, elementos de terras raras)
- 19 metros com 848 ppm de Nb₂O₅ (nióbio)
“Interceptações excepcionais próximas à superfície em nosso projeto CODA Central, com teores de titânio acima de 16% de TiO₂ e proporções consistentemente altas de TREO-NdPr, destacam a escala e o potencial do projeto em minerais críticos”
afirma Eric Vesel, CEO da Enova Mining.
“Interceptações excepcionais próximas à superfície em nosso projeto CODA Central, com teores de titânio acima de 16% de TiO₂ e proporções consistentemente altas de TREO-NdPr, destacam a escala e o potencial do projeto em minerais críticos”, afirma Eric Vesel, CEO da Enova Mining.
A mineralização ocorre em saprolito derivado de kamafugito, uma rocha vulcânica ultramáfica rara que sofreu intenso intemperismo. Esse processo geológico facilita o acúmulo de elementos valiosos, o que torna a extração mais acessível e o processamento mais simples, segundo a empresa.
Próximos passos e testes metalúrgicos
Após os primeiros resultados, a empresa já iniciou os testes metalúrgicos com uma amostra composta de 270 kg. Os ensaios ocorrem simultaneamente no Brasil, na Austrália e na Malásia:
- O centro Mineral Technologies (Austrália) testa métodos de processamento para titânio e REEs
- O CIT Senai (Belo Horizonte) realiza análises de separação magnética e distribuição de partículas
- A unidade da Enova na Malásia conduz testes de lixiviação para extração dos REEs
Essas atividades paralelas indicam uma estratégia de avanço rápido do projeto rumo à definição de recursos e viabilidade técnica.
Além disso, a mineralização permanece aberta em profundidade e ao longo da extensão da área, o que pode indicar continuidade dos depósitos e potencial de expansão futura.
Contexto global favorece operações no Brasil
A localização do projeto CODA Central, no estado de Minas Gerais, confere vantagens adicionais: o Brasil possui um setor mineral estruturado, estabilidade regulatória e boa infraestrutura. O país também é o segundo maior detentor de reservas conhecidas de óxidos de terras raras, atrás apenas da China.
Com a crescente demanda global por minerais usados em turbinas eólicas, carros elétricos e dispositivos eletrônicos, e em meio a restrições chinesas à exportação de REEs, ativos localizados em jurisdições seguras — como o Brasil — vêm ganhando destaque nas cadeias produtivas globais.
A Enova Mining, ao focar em titânio, REEs e nióbio no Brasil, passa a integrar um cenário promissor de fornecimento de insumos estratégicos para a transição energética e a indústria tecnológica global.